22 outubro 2023

Sherlock Holmes e a Conspiração Quimera

Gosto muito de ler aventuras com Sherlock Holmes, dos contos de Sir. Arthur Conan Doyle. Creio que já li tudo, mas sinto falta de novas histórias, impossíveis é claro. Alguns amigos também sentem o mesmo pela falta de novas histórias, já que o autor não está mais conosco. Entretanto, me desafiaram a escrever uma nova aventura. Segue abaixo esta tentativa.

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Eu ainda estou escrevendo este livro e devem haver alguns erros que ainda vou consertar. Caso queira me ajudar, ao encontrar um erro, envie uma mensagem no próprio blog.

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Título: "Sherlock Holmes e a Conspiração Quimera"


Prelúdio: O Despertar Macabro

A manhã nos subúrbios de Londres começou com uma bruma sombria que se estendia pelos becos e vielas, lançando uma atmosfera opressiva sobre o bairro. Um beco, em particular, estava tomado por uma presença sinistra.

O Inspetor Lestrade, um homem de semblante firme e usualmente destemido, estava visivelmente perturbado. Ele se encontrava cercado por uma equipe de policiais, todos eles olhando com espanto para a cena à sua frente.

Carroças da polícia e veículos de remoção de cadáveres ocupavam grande parte do beco estreito. A luz do dia revelava um espetáculo macabro: corpos desfigurados e corroídos pelo ácido jaziam no chão, como vítimas de uma violência terrível. A visão era assustadora até mesmo para os veteranos da Scotland Yard.

No centro da tragédia, havia um objeto que não passou despercebido: o distintivo cachimbo de Sherlock Holmes, parcialmente corroído pelo mesmo ácido que destruiu os corpos. O cachimbo, que Holmes raramente deixava de lado, estava ali como um enigma silencioso, uma mensagem perturbadora.

Lestrade sabia que o que quer que estivesse acontecendo estava além da sua compreensão e habilidades. Ele estava prestes a enfrentar um desafio que, desta vez, só poderia ser solucionado por um homem: Sherlock Holmes.

Com um suspiro pesaroso, Lestrade deu ordens aos policiais para preservar a cena do crime e começou a tomar medidas para encontrar Holmes. A caçada ao detetive começava, enquanto o mistério das mortes perturbadoras se aprofundavam a cada momento.


Capítulo 1:

Capítulo 1: A Prisão de Sherlock Holmes


A manhã estava fresca e tranquila em Baker Street. Enquanto a cidade de Londres acordava para mais um dia de atividades cotidianas, a residência de Sherlock Holmes era invadida por uma presença sinistra. O ar estava carregado de tensão, e o som pesado de botas ecoava na escada que levava à porta da casa do detetive.

Sherlock Holmes, sentado em sua poltrona, folheava um volume antigo de casos não resolvidos, seu cachimbo aceso e sua mente afiada. Seu olhar perspicaz detectou o nervosismo nos olhos do Dr. John Watson, que também estava presente na sala.

A porta se abriu abruptamente, e o Inspetor Lestrade da Scotland Yard entrou, acompanhado por uma equipe de policiais uniformizados. O rosto de Lestrade estava sério e sombrio, um contraste com seu comportamento geralmente confiante.

"Em nome da rainha, Sherlock Holmes, você está preso", declarou Lestrade, com uma voz que não escondia sua relutância.

Holmes, com seu típico sangue-frio, observou a cena. O ambiente silencioso e a falta de reação emotiva por parte do detetive pareciam ainda mais desconcertantes para Watson e Lestrade. Ele se levantou da poltrona com calma e com a serenidade, que era sua marca registrada, e estendeu as mãos para ser algemado. Watson, observando a cena, sabia que seu amigo estava calculando cada movimento e planejando seu próximo passo.

Enquanto os policiais prendiam Holmes, a presença silenciosa do cachimbo aceso permanecia, em cima da mesinha, no canto da sala como um testemunho mudo do mistério.

Watson assistiu impotente enquanto seu amigo era levado embora, as portas da carruagem da polícia fechando-se com um baque solene. A situação era perturbadora, e a sensação de injustiça pairava no ar. O grande detetive havia sido acusado de um crime que ele alegava não ter cometido, e a mente brilhante de Holmes estava agora confinada em uma carruagem, a caminho da Penitenciária.

Lestrade estava visivelmente afetado pela prisão de Holmes, mas ele também sabia que as circunstâncias da investigação eram complexas. Ele olhou para Watson, seu olhar revelando uma incerteza sincera. A carruagem da polícia fez seu caminho pelas ruas de Londres, levando Sherlock Holmes e o Inspetor Lestrade à delegacia. O detetive estava mergulhado em pensamentos, enquanto Lestrade parecia cada vez mais desconfortável com a situação. Ao chegarem à delegacia, Holmes foi escoltado até uma cela de detenção. Enquanto isso, Lestrade se ocupou de preparar a documentação para a audiência de acusação. A notícia da prisão de Holmes se espalhou rapidamente entre os membros da polícia, e a inquietação tomou conta da Scotland Yard.

Horas depois, o juiz da audiência de acusação entrou na sala. Holmes, agora com as algemas retiradas, estava diante dele. O juiz apresentou as acusações: uma série de assassinatos brutais que alegadamente tinham sido cometidos por Holmes. O detetive ouviu a lista de acusações com calma, embora uma sombra de surpresa tenha passado por seus olhos perspicazes. Foi então que o juiz apresentou a prova que parecia incriminatória: o cachimbo de Holmes, encontrado na cena de um dos assassinatos. Os olhos do detetive se estreitaram enquanto observava o objeto em questão. Ele solicitou que o cachimbo fosse trazido para mais perto.

Com a lente de aumento que ele sempre mantinha consigo, Holmes examinou atentamente o cachimbo. Não havia dúvida de que era o seu. As marcas de desgaste e a insígnia gravada revelaram sua identidade inequivocamente. Uma onda de perplexidade passou por seu rosto enquanto ele ponderava como seu amado cachimbo havia parado na cena de um crime hediondo. O juiz então anunciou que a audiência estava encerrada e que Sherlock Holmes seria encaminhado à prisão de Newgate para aguardar o julgamento. Holmes se sentou, perdido em pensamentos, sua mente inquieta tentando entender a trama complexa que o envolvia.

Enquanto a porta da sala da audiência se fechava atrás dele, Holmes sabia que estava enfrentando um desafio como nunca antes. Ele perguntava se sua lógica, sua habilidade de dedução e a busca incansável por pistas seriam suficientes para desvendar o mistério que o envolvia e provar sua inocência.

A prisão de Newgate estava à espera, e o julgamento se aproximava, mas a mente brilhante de Sherlock Holmes não descansaria até que a verdade fosse revelada.


Capítulo 2: Revelações perturbadoras

Watson recebeu autorização do Inspetor Lestrade para visitar Sherlock Holmes na Prisão de Newgate. A atmosfera sombria da prisão envolvia o lugar enquanto Watson passava pelas portas gradeadas, celas e guardas armados.

Sherlock estava isolado em uma pequena cela, sentado em uma cama estreita. Seu semblante permanecia inabalável, apesar das circunstâncias. Watson, preocupado com seu amigo, cumprimentou-o com um aperto de mão firme. Holmes começou a explicar a situação. "John, meu caro amigo, há algo profundamente intrigante em toda essa situação. O cachimbo encontrado na cena do crime era, de fato, o meu. Eu estava fumando-o em Baker Street naquela manhã, logo antes da minha prisão."

Watson franziu a testa, perplexo. "Como é possível, Holmes? Como o seu cachimbo, que você estava usando, acabou na cena de um crime hediondo?" Sherlock deu de ombros, indicando sua própria confusão. "É o enigma que preciso resolver. Alguém ou algo está tentando me incriminar. A pergunta que precisamos responder é quem, e por quê." Watson concordou, determinado a ajudar seu amigo. "Vou pegar o cachimbo em Baker Street e investigar isso mais a fundo. Se alguém o plantou lá, talvez haja alguma pista que possamos descobrir."

Após sua conversa com Holmes, Watson retornou a Baker Street, onde uma surpresa o aguardava. Enquanto se dirigia à sua residência, ele se deparou com Enola Holmes, a irmã de Sherlock. Ela estava ocupada examinando a área em torno da residência, evidenciando sua habilidade de detetive.

"Enola," cumprimentou Watson, surpreso. "O que você está fazendo aqui?" Ela olhou para ele, os olhos cheios de determinação. "Sherlock está em apuros, Dr. Watson, e eu não posso ficar de braços cruzados. Estou investigando por conta própria para descobrir quem está por trás dessa conspiração contra ele."

Watson explicou a Enola o que havia descoberto até o momento, incluindo a acusação de assassinato contra Sherlock, o misterioso cachimbo encontrado na cena do crime e o fato de que ele estava fumando o cachimbo na manhã do crime. Enola ouviu atentamente, com um olhar determinado, enquanto ele descrevia os eventos.

Após a conversa, Watson convidou Enola a entrar na residência de Baker Street para examinar o cachimbo de Sherlock. Eles caminharam até a cozinha e Enola olhou para o cachimbo com interesse.

No entanto, algo mais chamou a atenção de Enola. Ela notou uma série de vidros verdes em prateleiras, alinhados ordenadamente. Curiosa, ela perguntou a Watson sobre eles.

"Esses vidros são as experiências de Sherlock," explicou Watson. "Ele costuma usar diferentes substâncias  em seus estudos e investigações." Os olhos perspicazes de Enola brilharam enquanto ela pegava um dos vidros. Ela analisou a substância dentro do recipiente com cuidado e, após um momento, sua expressão mudou.

"Dr. Watson, estes vidros contém ácidos altamente corrosivos, semelhantes aos que foram encontrados na cena do crime. Isso não faz sentido. Por que Sherlock teria esses ácidos aqui em sua casa?" A pergunta de Enola lançou uma sombra de dúvida sobre a mente de Watson. Ele começou a duvidar dos eventos que havia considerado como fatos. O mistério estava se aprofundando, e a verdade parecia mais esquiva do que nunca.


Capítulo 3: Confronto na Cozinha

Enquanto estavam na cozinha, examinando os ácidos e o misterioso cachimbo de Sherlock, a porta da frente da residência de Baker Street rangeu, anunciando a entrada de um desconhecido. Watson, com a experiência da guerra ainda presente em sua mente, não hesitou em pegar seu revolver Webley Mk 1 que estava em seu coldre, dentro do paletó.

Enola, não tendo uma arma à disposição e sendo uma exímia lutadora, agarrou o cabo de um esfregão que estava próximo e se escondeu atrás de um armário, preparando-se para o confronto.

Quando o invasor adentrou a cozinha, os gritos de surpresa e choque ecoaram no ambiente. Watson e Enola pularam em frente ao desconhecido, gritando "Parado!" ao mesmo tempo, seus olhos cheios de determinação. No momento seguinte, uma terceira voz se juntou ao caos. 

O invasor, com as mãos erguidas, olhou com espanto para os dois intrusos, Watson e Enola, e percebeu que sua entrada não havia passado despercebida. Seu rosto, contudo, permanecia escondido nas sombras da sala escura que antecede a cozinha. Watson, mantendo seu revolver firmemente apontado para o indivíduo, perguntou com firmeza: "Quem é você e o que está fazendo aqui?"

Com a voz trêmula, o invasor coloca as mãos na cintura e diz: sr. Watson, sou eu. Ele então acende a luminária de querosene da cozinha e percebe que é a locatária, a Sra. Hudson. A revelação fez com que Watson e Enola se afastassem do proposto intruso. Ele a olhou com surpresa e alívio. "Sra. Hudson, minha querida, me perdoe," disse Watson, ainda segurando seu revolver, mas agora apontando-o para o chão. "Com toda a agitação em torno da prisão de Sherlock, nós não estávamos esperando por visitas. Pode nos dizer o que a trouxe aqui?"

Sra. Hudson respirou fundo, visivelmente abalada pelo encontro abrupto. Ela explicou que ouvira rumores sobre a prisão de Sherlock Holmes e estava preocupada com seu bem-estar, já que Sherlock havia sido um amigo e vizinho por tanto tempo. Ela decidiu fazer uma visita para checar a situação por conta própria, sem saber que Watson e Enola estavam investigando os eventos.

Enola, compreendendo a intenção bem-intencionada de Mary, baixou o cabo do esfregão e sorriu. "Está tudo bem, Sra. Hudson. Compreendemos suas preocupações. Na verdade, estamos investigando o que aconteceu com Sherlock." Com a situação esclarecida e todos respirando aliviados, Watson pôs seu revolver de volta em seu coldre e Enola deixou o cabo do esfregão de lado. O encontro inesperado serviu para fortalecer os laços entre eles e destacou a urgência de desvendar o mistério que cercava Sherlock Holmes.

Com a Sra. Hudson a par da situação, o trio estava mais determinado do que nunca a descobrir a verdade por trás das acusações contra Sherlock e limpar seu nome. 

Os três, Watson, Enola e Sra. Hudson, se reuniram em volta da mesa da cozinha, determinados a desvendar os mistérios que cercavam o cachimbo e a prisão de Sherlock Holmes.

Watson, com sua experiência médica, pegou o cachimbo de Sherlock e examinou-o cuidadosamente, mas não encontrou nenhuma pista evidente. Enola, no entanto, abordou o problema de uma maneira diferente. Ela pegou o cachimbo e cheirou o fumo que ainda estava preso nele. Com uma expressão de descoberta, ela disse: "Este não é o fumo que Sherlock costuma usar. É de outra marca."

Enola então vasculhou a cozinha em busca da bolsa de fumo que Sherlock usava habitualmente. Ao encontrá-la, ela confirmou suas suspeitas: o fumo dentro da bolsa era de uma marca completamente diferente. Isso era um sinal de que o cachimbo encontrado na cozinha não era do próprio Sherlock.

Os três se sentaram à mesa da cozinha, tentando entender o que tudo isso significava. Enola sugeriu que alguém poderia ter substituído o cachimbo de Sherlock, como parte de uma armação. Watson concordou, reconhecendo que essa descoberta poderia ser crucial para provar a inocência de Sherlock.

Foi então que Sra. Hudson com sua atenção aos detalhes, notou algo estranho nas prateleiras da cozinha. Ela apontou para as garrafas verdes alinhadas cuidadosamente. "Isso é muito estranho," disse ela. "Sherlock nunca foi uma pessoa organizada, e esta cozinha está repleta de papeis, garrafas pelo chão e pedaços de cadáveres em vidros de formol nos armários. O que é estranho são essas garrafas verdes. Por que estariam alinhadas assim?"

Watson e Enola se entreolharam, percebendo a validade da observação de Mary. Eles se levantaram da mesa e começaram a examinar a cozinha e a residência de Baker Street em busca de pistas adicionais. Cada detalhe, por menor que fosse, poderia conter a chave para desvendar o mistério e provar a inocência de Sherlock Holmes.

Enquanto investigavam os mistérios na residência de Baker Street, a lembrança de Sra. Hudson trouxe um novo elemento à tona. Ela se virou para Watson e Enola e disse: "Lembro-me agora, no dia da prisão de Sherlock, um senhor subiu as escadas do prédio com uma encomenda para ele. Ele disse que a deixaria na porta e partiria rapidamente."

Essa revelação intrigou ainda mais o trio. Era evidente que alguém estava envolvido na trama que levou à prisão de Sherlock Holmes, e essa encomenda misteriosa poderia ser uma peça fundamental do quebra-cabeça.

Watson, Enola e a Sra. Hudson começaram a reconstituir os eventos daquele dia. Eles se lembraram de como o senhor havia deixado a encomenda na porta de Sherlock e, sem deixar rastros, havia desaparecido.

Determinados a descobrir a origem da encomenda e identificar o misterioso senhor por trás dela, o trio decidiu procurar por qualquer pista que pudesse levar a mais informações sobre esse evento crucial.

A trama se desenrolava com mais complexidade a cada revelação. Enquanto continuavam a investigar, Watson, Enola e a Sra. Hudson sabiam que estavam mais próximos de descobrir a verdade que libertaria Sherlock Holmes e revelaria os segredos por trás de sua prisão.


Capítulo 4: A Reunião na Prisão

Watson e Enola voltaram para a Penitenciária de Newgate para compartilhar suas descobertas com Sherlock Holmes. Ao vê-la, Sherlock lançou um olhar de desaprovação para Watson, lembrando-se da competição que existia entre ele e Enola. Os dois tinham um desafio pessoal de determinar quem era o melhor detetive, e Enola era uma concorrente formidável.

Enola quebrou o silêncio, percebendo a tensão no ar. "Sherlock, você não acha que deixá-lo preso tornaria o desafio um pouco injusto? Afinal, não há graça em competir contra alguém que está atrás das grades." Sherlock soltou um suspiro, reconhecendo a lógica de Enola. Ele sabia que, para desvendar o mistério que o envolvia, precisaria de toda a ajuda disponível, independentemente de rivalidades pessoais.

Watson, Enola e Sherlock se sentaram, e Watson começou a compartilhar as descobertas que fizeram na residência de Baker Street. Ele explicou a troca do cachimbo de Sherlock e a encomenda misteriosa deixada na porta no dia da prisão. Sherlock se concentrou nas informações, examinando-as meticulosamente em sua mente brilhante. Ele não conseguia esconder uma expressão de surpresa quando ouviu sobre o fumo diferente no cachimbo.

"Isso é intrigante," disse ele. "Eu me lembro do cheiro do fumo que fumei pela manhã, e era inconfundível. Alguém poderia ter trocado os cachimbos assim que fui preso?"

Enola, que tinha um olfato aguçado, cheirou sua própria lapela e concordou com Sherlock. "Ele está certo, esse não é o cheiro do fumo que estava no cachimbo na cozinha de Sherlock. Alguém com acesso à sua residência deve ter feito essa troca. A pergunta é quem e por quê." Sherlock ficou mais surpreso. Quando foi preso em casa, ele estava fumando o cachimbo e lembra de ter deixado na mesinha da sala, ao lado da poltrona.

A prisão de Sherlock estava se revelando como uma peça-chave em um enigma complexo, e o grupo estava determinado a desvendá-lo. A rivalidade entre Enola e Sherlock começou a se dissipar, pois eles perceberam que só poderiam resolver o mistério trabalhando juntos.

Após muitas confabulações e ideias trocadas na prisão, o consenso se formou entre Watson, Enola e Sherlock. Acreditavam agora que a encomenda misteriosa que Sherlock havia recebido no dia de sua prisão poderia conter os frascos de ácido e o cachimbo trocado. Alguém havia entrado em sua residência e plantado essas evidências incriminadoras.

Sherlock ponderou sobre as possibilidades. Ele sabia que a chave para resolver o mistério estava em descobrir quem havia enviado a encomenda e por que alguém queria incriminá-lo. O plano deles agora era encontrar essa pessoa, ou pessoas, e provar a inocência de Sherlock.

Watson se voltou para Enola e disse: "Você tem habilidades de detetive notáveis, Enola. Já que estamos trabalhando juntos nesta investigação, talvez você possa ajudar a rastrear a origem da encomenda." Enola assentiu, pronta para o desafio. "Certamente, Dr. Watson. Eu farei o meu melhor para seguir o rastro da encomenda e descobrir quem a enviou."

Sherlock, com seu olhar perspicaz, adicionou: "E, enquanto você faz isso, Watson e eu examinaremos nossos contatos e conexões em busca de qualquer inimigo que possa querer me prejudicar. Não é todo dia que alguém ousa desafiar Sherlock Holmes."


Capítulo 5: Mistério que aprofunda

Enola, acompanhada pelo Inspetor Lestrade, dirigiu-se ao local do crime em busca de pistas que pudessem lançar luz sobre a conspiração contra Sherlock Holmes. A noite anterior havia sido de intensa chuva, e Lestrade já alertava que a cena provavelmente estaria arruinada, com qualquer evidência importante lavada pela água.

Enola, no entanto, era uma detetive talentosa, com olhos aguçados e uma habilidade especial para notar detalhes que escapavam aos outros. Ela não se deixou abater pelo pessimismo de Lestrade.

Ao chegarem à cena do crime, Enola, examinou meticulosamente a área, procurando qualquer indício que pudesse lançar luz sobre a conspiração contra Sherlock Holmes. Ela notou a disposição dos objetos, as marcas na terra molhada e quaisquer vestígios deixados para trás.

Lestrade a observava com ceticismo, mas não podia ignorar a determinação e a habilidade de Enola. Ele sabia que, se alguém fosse encontrar pistas nas condições atuais, seria ela.

Enola se ajoelhou para examinar uma área onde a terra estava ligeiramente mais compactada do que o restante do terreno. Com cuidado, ela começou a escavar a lama e, após alguns momentos, retirou um pequeno objeto. Um pedaço de tecido com inscrições. Após analisar cuidadosamente, concluiu ser feito de algodão egípicio.

"O que você encontrou?" perguntou Lestrade, curioso.

Ela leu em voz alta: "Ajudante fiel. Encontre-me na Penitenciária de Newgate."

Lestrade ficou intrigado. "Isso parece ser uma pista importante."

Enola notou que o algodão egípcio era de alta qualidade, algo que apenas pessoas ricas ou da nobreza teriam acesso. Ela olhou na direção do rio Tâmisa, não muito distante, e considerou que não era um local onde pessoas abastadas normalmente frequentavam.

Enola perguntou a Lestrade se eles haviam identificado os mortos. O inspetor a levou ao necrotério para falar com o legista responsável. O cenário era sombrio e macabro, com cheiros fortes, sujeira e corpos cobertos por sacos de estopa. Lestrade entregou a Enola um pouco de algodão embebido em álcool para amenizar o odor pungente que permeava o ambiente.

O legista descreveu a cena do crime e como os corpos das vítimas estavam completamente desfigurados pelo ácido. Alguns parentes conseguiram identificar as vítimas pelos pertences encontrados. Havia um nobre comerciante com seus dois filhos, que estavam comemorando o Ano Novo em um galpão nas docas. Eles haviam cortado caminho pelo beco naquela fatídica noite.

Enola, com uma mente afiada, começou a conectar os pontos e viu que o crime estava se tornando mais complexo do que imaginavam. O mistério continuava a se aprofundar, e as respostas estavam cada vez mais difíceis de encontrar.

Enola estava determinada a desvendar o enigma por trás dos assassinatos no beco, e a cena do crime começava a revelar pistas intrigantes. Ela compartilhou suas observações com Lestrade, destacando que não parecia um simples assalto, já que as vítimas ainda tinham seus pertences com eles quando foram encontradas, e seus familiares as identificaram por esses objetos.

Essa revelação deixou Enola perplexa. Por que o assassino teria permitido que os parentes identificassem os mortos, se o objetivo era matá-los? Por que utilizar ácido para desfigurar os corpos? E, acima de tudo, por que incriminar Sherlock Holmes pelos crimes?

As perguntas se acumulavam. Enola e Lestrade resolvem retornar à Penitenciária de Newgate para informar Sherlock Holmes e John Watson sobre as descobertas no local do crime. Eles sabiam que precisavam desenvolver uma estratégia para desvendar o mistério que estava se desdobrando diante deles.

Na cela de Sherlock, o grupo se reuniu e compartilhou suas descobertas. Lestrade explicou sobre a mensagem no algodão egípcio e o fato de que as vítimas haviam sido identificadas pelos parentes, apesar dos corpos terem sido desfigurados pelo ácido.

Após uma breve discussão, eles concordaram em seguir uma estratégia:

Procurar quem vende algodão egípcio em Londres: Enola se encarregaria de investigar quem na cidade tinha acesso a algodão egípcio de alta qualidade, o que poderia levar ao remetente da mensagem. Além de procurar o entregador do pacote misterioso na residência de sherlock.

Saber mais sobre o que o comerciante vendia: Lestrade se comprometeu a investigar o comerciante e sua atividade comercial. Descobrir mais sobre o que ele vendia poderia fornecer pistas valiosas.

Visitar a viúva: Sherlock sugeriu que eles também visitassem a viúva do comerciante para obter mais informações sobre a vítima e qualquer possível inimizade que ele pudesse ter. Watson era a pessoa mais indicada pois era médico e era mais sutil para conversar com pessoas enlutadas.

Conversar com os funcionários nas docas: Lestrade também assumiu o compromisso de entrevistar os funcionários das docas onde as vítimas estavam comemorando o Ano Novo. Poderiam obter informações sobre quem frequentava o local e qualquer atividade suspeita naquela noite.

Com a estratégia definida, o grupo estava pronto para se lançar na próxima fase da investigação. Eles sabiam que o tempo estava se esgotando, e cada passo dado os aproximava da verdade por trás da conspiração que havia levado à prisão de Sherlock Holmes.

Sherlock, observando Enola, percebeu sua inquietação e pergunta o motivo.

Ela levantou uma questão que a intrigava profundamente: por que o juiz havia concluído que Sherlock era culpado pelos crimes, especialmente considerando os inúmeros serviços que ele prestara à polícia e à Scotland Yard ao longo dos anos?

Lestrade refletiu sobre a situação e, de repente, uma lembrança veio à tona. Ele recordou que foi o próprio juiz que expediu a ordem de prisão de Sherlock quando viu o cachimbo do detetive entre os pertences coletados na cena do crime.

Watson, com seu espírito analítico, propôs uma ação imediata. Ele sugeriu que visitassem o juiz para entender melhor sua motivação por trás da condenação de Sherlock. No entanto, sabia que isso não seria uma tarefa fácil.

Mycroft Holmes, irmão de Sherlock e uma figura influente, foi mencionado como um possível aliado na busca por respostas. Se alguém poderia ajudá-los a acessar o juiz e descobrir a verdade por trás da prisão de Sherlock, seria Mycroft.

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Capítulo 6: Em Busca de Mycroft

Watson estava determinado a encontrar Mycroft Holmes, o influente irmão de Sherlock, em sua busca por respostas sobre a misteriosa prisão de Sherlock. Ele sabia que Mycroft frequentava o clube Diógenes, um lugar conhecido por sua exclusividade e discrição.

Ao chegar no Diógenes, Watson foi recebido pelo porteiro, que educadamente pediu seu nome. "Watson," respondeu ele. O porteiro consultou uma lista e informou que Mycroft o aguardava. Com um aceno, Watson seguiu o serviçal que apareceu para guiá-lo até Mycroft.

Enquanto caminhava pelo clube Diógenes, Watson observava a grandiosidade do lugar. O ambiente estava adornado com obras de arte valiosas, nobres da realeza e homens influentes, mas uma coisa chamou sua atenção: a ausência de mulheres. Curioso, ele não pôde deixar de perguntar ao serviçal o motivo. A resposta foi clara: mulheres não eram permitidas naquele recinto exclusivo.

No fundo da sala, Watson avistou duas poltronas luxuosas dispostas diante de uma lareira crepitante. Uma mesinha estava entre as poltronas, e sobre ela repousava uma garrafa de raro uísque escocês, indicando que Mycroft estava pronto para receber seu visitante.

Enquanto se aproximava de Mycroft, Watson não pôde deixar de notar as características físicas distintas de seu anfitrião. Mycroft era um homem de estatura média, com uma aparência impecável. Seu terno sob medida estava perfeitamente alinhado, realçando sua postura ereta. Ele tinha cabelos grisalhos elegantes e usava óculos, que adicionavam um ar intelectual a sua figura.

Mycroft cumprimentou Watson com um aceno e um sorriso sutil. Sua expressão era serena, revelando uma calma inabalável. Enquanto Watson se acomodava na poltrona em frente a Mycroft, ele estava ciente de que havia entrado em um mundo de influência e mistério, e que Mycroft Holmes detinha as chaves para desvendar o que estava por vir.

Mycroft fez um aceno discreto, e o serviçal serviu um whisky escocês de cor dourada em um copo de cristal para Watson. O aroma que emanava do uísque era complexo e sedutor, com notas de baunilha, carvalho tostado e um toque sutil de frutas maduras.

Watson observou a bebida com admiração, notando as pernas elegantes que escorriam pelo interior do copo, indicando a qualidade do uísque bem envelhecido. Ele deu um pequeno gole e permitiu que o líquido envolvesse seu paladar.

O uísque era uma sinfonia de sabores. Notas iniciais de baunilha se misturavam com a doçura do caramelo e a suavidade do carvalho, criando uma sensação de calor reconfortante que se espalhava por sua garganta. Era uma experiência rica e agradável, com um final prolongado que deixava um sabor levemente amadeirado.

Após saborear o uísque, Watson pigarreou e começou a informar Mycroft sobre os acontecimentos que levaram à prisão de Sherlock. No entanto, antes que ele pudesse continuar, Mycroft o interrompeu com uma expressão calma.

"John, já estou a par de toda a situação," disse Mycroft com sua voz serena. "Recebi informações de fontes confiáveis sobre os eventos que envolvem Sherlock. Estou ciente de que algo muito complexo e sinistro está ocorrendo, e estou aqui para ajudar a desvendar essa trama."

Watson, surpreso com o conhecimento de Mycroft, assentiu. Ele sabia que Mycroft era uma figura influente com conexões em todos os cantos da sociedade. A presença do irmão de Sherlock era uma indicação de que a investigação estava prestes a dar um passo importante e que a busca por respostas estava longe de terminar.

Mycroft Holmes tocou um pequeno sinete que estava estrategicamente posicionado em cima da mesinha entre as poltronas. Um serviçal de confiança, identificado como Williams, surgiu prontamente, atento às necessidades de seu empregador.

"Monsieur Watson," Mycroft começou, "tenho confiança em sua capacidade de levar a cabo esta missão. Williams, prepare o tilbury. Dr. Watson será escoltado até o Palácio de Westminster."

Williams assentiu com uma expressão séria e saiu para cumprir a ordem imediatamente.

Mycroft retirou um envelope de sua lapela e entregou a Watson. "Dr. Watson, entregue isso ao porteiro na entrada do Palácio de Westminster. Ele o guiará até o juiz responsável pelo caso de Sherlock. Williams o acompanhará durante todo o trajeto, assegurando que você entre e saia do palácio sem contratempos."

Watson aceitou o envelope com seriedade, compreendendo a importância da tarefa que lhe fora confiada. A missão o levaria um passo mais perto de esclarecer o mistério que envolvia a prisão de Sherlock Holmes, e ele estava determinado a cumprir sua parte com êxito.

Com a escolta de Williams e a responsabilidade do envelope em suas mãos, Watson estava pronto para embarcar em mais um capítulo de sua busca incansável por justiça e pela verdade que libertaria seu amigo Sherlock.

Enquanto Watson e Williams deixavam o clube Diógenes, as ruas de Londres estavam agitadas com a atividade típica de uma tarde movimentada. Carruagens elegantes e pedestres apressados enchiam as ruas da cidade. O sol iluminava os edifícios históricos, criando sombras longas e proporcionando uma visão pitoresca da capital britânica.

Às 14 horas em ponto, o badalar das horas do Big Ben ecoou, preenchendo o ar com sua melodia característica, marcando o tempo inabalável que passava em uma cidade cheia de história.

Enquanto a carruagem avançava pelas ruas movimentadas, Watson podia vislumbrar ao longe o majestoso Palácio de Westminster, um símbolo da política britânica. O edifício, com sua arquitetura impressionante e torres imponentes, erguia-se com dignidade contra o céu de Londres.

O Palácio de Westminster exibia uma mistura de estilos arquitetônicos, com detalhes góticos e neogóticos que o tornavam uma obra-prima da engenharia e do design. À medida que se aproximavam dos portões do palácio, Watson podia admirar a grandiosidade e a história que permeavam o local, compreendendo a importância da tarefa que estava prestes a desempenhar dentro de suas majestosas paredes.

O tilbury se aproximou dos majestosos portões do Palácio de Westminster, e um guarda postado ali se aproximou para inspecionar o veículo e seus ocupantes. Watson entregou o envelope com a devida autorização ao guarda, que o levou rapidamente a um pequeno posto onde seu superior se encontrava.

Poucos minutos se passaram, e Watson pôde observar, com surpresa, a chegada apressada de diversos guardas, todos em trajes impecáveis e postura rígida. Era uma situação que o pegara de surpresa, e ele não estava totalmente preparado para o que estava por vir.

Os portões do palácio se abriram majestosamente, e o tilbury foi conduzido por uma fila de oficiais que prestavam continência em sua passagem. Watson se esforçou para conter um pequeno riso diante da solenidade da situação, enquanto se dirigia para o interior do Palácio de Westminster, onde sua missão continuaria a desvendar os segredos por trás da prisão de Sherlock Holmes.

Willians estacionou o tilbury em frente à entrada principal do Palácio de Westminster e auxiliou Watson a desembarcar. Com a tarefa cumprida, ele tomou o volante do veículo e o conduziu a um local apropriado enquanto outro oficial assumia a escolta de Watson para o interior do palácio.

Ao adentrar o majestoso edifício, o oficial guiou Watson pelo grande salão de entrada, onde a atmosfera estava impregnada de solenidade e tradição. No entanto, antes que pudessem prosseguir, um grito estridente ecoou pelos corredores, cortando o ar com um clamor de alarme.

Em questão de segundos, o som do sino de emergência começou a tocar, e uma correria frenética se desencadeou por todos os cantos do palácio. Pessoas corriam em pânico, mulheres choravam aterrorizadas, e a tranquilidade que havia permeado o ambiente momentos antes deu lugar a um caos absoluto.

O oficial que conduzia Watson olhou com preocupação na direção da porta do escritório do juiz, onde o tumulto parecia estar concentrado. Ele se aproximou de Watson e informou com urgência: "Há um alvoroço na porta do escritório do juiz. Precisamos descobrir o que está acontecendo. Venha comigo."

Watson subiu as escadas a passos rápidos, impelido pela urgência de compreender o tumulto que havia se desenrolado no Palácio de Westminster. Ao chegar à porta da sala do juiz, ele não estava preparado para a visão que encontraria. Mesmo para alguém com sua experiência médica, a cena que se desenrolava era aterradora.

O juiz estava morto, sua figura repousando em sua mesa, enquanto o sangue estava derramado por toda parte, criando um quadro de horror. Watson imediatamente pediu que as portas fossem fechadas e que chamassem o Inspetor Lestrade.

Após um intervalo que pareceu interminável, Lestrade apareceu no local, seu semblante refletindo a gravidade da situação. Ele olhou para Watson com olhos arregalados. "Foi você que me chamou?" perguntou Lestrade com ansiedade.

Watson assentiu, visivelmente abalado. "Sim, fui eu. E aconteceu novamente. E o pior, aconteceu com alguém que tinha o poder de retirar Sherlock da prisão."

Lestrade estava perplexo e ansioso por mais informações. "Aconteceu o quê? O que está acontecendo?"

Watson abriu as portas da sala, que eram guardadas por um oficial, revelando a cena que havia testemunhado. Lestrade olhou para dentro e viu a mesma cena aterradora que havia visto alguns dias atrás no beco: um cadáver semi-derretido, sentado em uma cadeira, olhando para a porta. O horror da situação se espalhou por suas feições, e ele percebeu que a trama sinistra que envolvia Sherlock Holmes estava longe de ser resolvida.


Capítulo 7: Rastros do Passado

A sala do juiz, um ambiente repleto de livros de leis, cortinas pesadas e móveis de madeira escura, estava mergulhada em um silêncio funesto. A figura do juiz permanecia sentada em sua imponente mesa vitoriana de carvalho, como uma testemunha silenciosa das atrocidades cometidas. Seu corpo havia sido submetido a um ato inominável, com vísceras expostas e uma poça de sangue que se espalhava pelo caríssimo tapete persa.

Lestrade entrou na sala logo atrás de Watson, ambos observando a cena aterradora que se desenrolava diante deles. Era evidente que uma crueldade impiedosa havia sido infligida à vítima. Lestrade, experiente em investigações policiais, compreendeu imediatamente a importância de preservar a cena do crime, mesmo diante de tamanha carnificina.

Olhando para Watson, ele perguntou com uma voz tensa: "O que o Sr. Holmes faria agora?"

Watson, um médico de profissão, sabia que o caos daquela cena desafiaria até mesmo a mente brilhante de Sherlock Holmes. Ele sugeriu, de forma prática: "Vamos chamar Enola. Ela tem uma perspicácia única e poderia ser de grande ajuda neste momento."

Lestrade assentiu e tomou medidas imediatas. Ele se aproximou da mesa do juiz e pegou papel e pena-tinteiro, com mãos firmes, escreveu uma mensagem urgente em busca de auxílio, depositando-a em um envelope lacrado.

Em seguida, dirigiu-se ao guarda postado à porta e ordenou que a carta fosse entregue com a máxima urgência na residência de Sherlock Holmes, aos cuidados de Enola Holmes. Lestrade reconhecia que a mente brilhante de Enola poderia trazer clareza a essa investigação sombria.

No silêncio da sala, enquanto Watson examinava cuidadosamente o corpo mutilado do juiz em busca de pistas, uma serviçal entrou com uma bandeja de chá. Lestrade, sem erguer o olhar, pediu que ela se retirasse, explicando que a área era restrita e parte de uma cena de crime.

Entretanto, a serviçal permaneceu imóvel. Watson, observando atentamente, esperava surpresa ou choque em seu rosto. Contudo, o que viu foi um grande sorriso estampado no rosto da mulher. Lestrade também olhou surpreso. A resposta veio quando Enola se revelou, explicando seu método peculiar de infiltrar-se nos locais: passando despercebida, sob a máscara de uma serviçal, em uma sociedade que subestimava e ignorava as mulheres em tais funções.

Mas ela rapidamente se direcionou ao assunto principal. "Quem é este?", indagou Enola.

"O juiz que prendeu Sherlock", respondeu Watson. Enquanto o ambiente exalava um odor desagradável, Enola se aproximou, analisando meticulosamente a jarra de água, o copo de whisky na mesa, e um copo caído próximo ao juiz. Ela examinou a janela em busca de pistas, analisou um grupo de fotografias sobre a escrivaninha e, finalmente, surpreendeu a todos ao cheirar a boca do falecido.

Lestrade, um tanto atordoado, não pôde conter sua expressão de ligeiro desconforto diante desse último procedimento peculiar.

"Espero que isso seja pertinente, Enola", disse Lestrade. "Temos que encontrar qualquer pista que nos leve ao responsável por isso tudo."

Enola, com um brilho nos olhos, soltou um leve suspiro. "Há algo de intrigante aqui, algo que talvez todos tenhamos deixado passar despercebido."

"Vamos repassar os fatos que conhecemos até agora", disse Enola. "Temos o crime ocorrido nas docas, próximo ao rio Tâmisa, com a presença do cachimbo de Sherlock. O juiz, que ordenou rapidamente a prisão de Sherlock, teve o cachimbo da casa de Sherlock trocado, a fim de confirmar em juízo que aquele cachimbo era realmente o seu. Além disso, encontramos os frascos de ácido na cozinha. Agora, diante do juiz, não temos chance de falar com ele.

Pela minha análise desta sala, ninguém entrou pela janela, sugerindo que o assassino ainda possa estar neste prédio. O juiz foi corroído por ácido ao beber, acreditando ser água. A jarra sobre a mesa ainda contém o corrosivo inodoro. O copo de whisky sobre a mesa não era para o juiz, pois observei sinais de cirrose hepática em seu corpo, indicando que ele já não bebia há tempos. Quem quer que tenha entrado aqui era alguém de confiança do juiz, oferecendo um Whisky Macallan de 72 anos.

Analisando as fotos na mesinha, notei um grupo de homens com o juiz. Reconheci a esposa do comerciante encontrado no cais junto a um homem e o juiz. Acredito que este homem era o comerciante, indicando que o juiz mantinha uma longa amizade com a família. É possível que o juiz tenha agido sob coação da família do amigo."

Após expressar suas teorias, Enola dirigiu-se à escrivaninha do juiz, na busca pela agenda de visitantes. A folha do dia estava rasgada, um indício do possível ocultamento de informações. Contudo, Enola, uma detetive experiente, utilizou técnicas peculiares de sua profissão para descobrir mais: tirou o pó facial, de um frasco no bolso de sua saia, e com um pincel delicadamente percorreu os sulcos da página seguinte. Em seguida, aplicou uma fina camada de fuligem da lareira, assoprando cuidadosamente sobre a superfície da página.

Enola revelou o nome "Sir James", o visitante mais recente do juiz. Lestrade ergueu uma sobrancelha em dúvida: "Só isso?". James era um nome comum na Inglaterra, e Sir James podia ser uma designação para várias pessoas. Enola tentou identificar a letra seguinte, que poderia ser um "B" ou um "M".

Watson sugeriu que talvez devessem procurar a secretária para obter mais informações. Lestrade rapidamente pediu ao policial de guarda que descobrisse a identidade da secretária do juiz e a trouxesse até ele. Enola, sempre atenta, observou um cabideiro próximo à porta, onde um casaco e um chapéu estavam pendurados de maneira desordenada, indicando pressa.

Enola inspecionou os bolsos do casaco e fez uma descoberta intrigante: um pequeno rolo de tecido branco. Ao desenrolá-lo, reconheceu imediatamente o algodão egípcio. Sobre o papel, encontrou uma frase escrita:  "Ajudante fiel. Encontre-me na ópera."

Enola expressa a descoberta de mais uma mensagem enigmática em outra cena de crime. Watson prontamente concorda que as informações devem ser compartilhadas com Sherlock. Depois de um breve silêncio, ecoam apitos pelos corredores, sinalizando uma nova movimentação. Lestrade, Watson e Enola dirigem-se ao tumulto, onde um guarda já se prepara para afastar os curiosos. 

O policial apontou para um corpo encontrado perto da latrina do banheiro feminino. Enola foi a primeira a examinar e notou que o pescoço havia sido torcido violentamente. Watson, observando atentamente, presumiu que poderia ser a secretária do juiz, sugerindo que alguém, de forma apressada e abrupta, teria feito tal ação.


Clube dos detetives de Greenville

 Título: O Mistério do Tesouro Perdido de Greenville


Capítulo 1: O Começo da Aventura

Era uma vez, em uma pequena cidade chamada Greenville, um grupo de amigos curiosos. Havia Timmy, o garoto corajoso, Lucy, a garota esperta, e Benny, o garoto engraçado que sempre fazia todos rirem. Juntos, eles eram conhecidos como os "Detetives Mirins de Greenville".

Certa tarde, enquanto caminhavam pela floresta nos arredores da cidade, Timmy tropeçou em algo que estava enterrado sob algumas folhas. Era um velho mapa, amarelado pelo tempo e cheio de marcas misteriosas.


Capítulo 2: O Enigma do Mapa Antigo

Os três amigos olharam o mapa com curiosidade. Era um mapa do tesouro! Marcas e pistas misteriosas indicavam um caminho que levava a um lugar desconhecido. Eles decidiram seguir o mapa e desvendar o enigma.

À medida que avançavam pela floresta, encontraram uma série de obstáculos e charadas, que os levaram a um antigo farol abandonado. Lá, encontraram a primeira pista real: uma inscrição no farol que dizia: "O tesouro está onde a lua beija o mar."


Capítulo 3: Em Busca da Lua e do Mar

Os Detetives Mirins de Greenville estavam determinados a descobrir o significado da pista. Eles correram em direção à praia, onde a lua brilhava no céu noturno. Lá, viram a lua refletida nas águas do mar, formando uma espécie de "beijo".

Eles mergulharam na água e procuraram debaixo da superfície. Timmy encontrou algo brilhante no fundo do oceano. Era um pingente em forma de lua e estrela! Certamente era parte do tesouro.


Capítulo 4: A Caixa do Tesouro

Com o pingente em mãos, os detetives voltaram para a cidade e estudaram novamente o mapa. Eles perceberam que o próximo destino era uma antiga biblioteca abandonada.

Lá, encontraram uma caixa trancada com uma fechadura complicada. Eles usaram o pingente para abrir a caixa, que continha um diário antigo. Nas páginas do diário, encontraram pistas e informações sobre o verdadeiro tesouro de Greenville.


Capítulo 5: A Caçada Final

O diário os guiou por uma jornada através de locais históricos da cidade. Eles seguiram as pistas até chegarem a uma antiga igreja. Lá, encontraram uma sala secreta sob o piso da igreja, onde o verdadeiro tesouro estava escondido.

Dentro da sala secreta, encontraram baús cheios de moedas de ouro, jóias brilhantes e relíquias antigas. Era o tesouro perdido de Greenville, que ninguém tinha visto por gerações.


Capítulo 6: A Lição Aprendida

Os Detetives Mirins de Greenville haviam desvendado o mistério do tesouro perdido e o devolveram à cidade. As pessoas de Greenville estavam gratas e maravilhadas com sua coragem e inteligência.

E assim, Timmy, Lucy e Benny aprenderam que a verdadeira riqueza não está apenas em ouro e jóias, mas também na amizade e na aventura. Eles continuaram a resolver mistérios em Greenville e se tornaram heróis locais, prometendo que, não importa o quê, a amizade e a curiosidade sempre os levariam em busca de aventuras emocionantes.

E assim termina a história do "Mistério do Tesouro Perdido de Greenville". Os Detetives Mirins de Greenville viveram muitas outras aventuras emocionantes ao longo de suas vidas, mas essa sempre foi sua favorita.

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Título: O Segredo do Relógio Misterioso de Greenville


Capítulo 1: Um Encontro Inesperado

Timmy, Lucy e Benny, os Detetives Mirins de Greenville, estavam em seu esconderijo secreto na floresta, discutindo o próximo mistério que desejavam resolver. Foi quando Benny, o garoto engraçado, encontrou um relógio antigo e misterioso no fundo de uma caixa de brinquedos velhos.

O relógio era diferente de tudo o que já tinham visto. Tinha símbolos estranhos e uma inscrição que dizia: "O tempo é a chave para o segredo." Intrigados, os amigos decidiram investigar o relógio e o que ele poderia significar.


Capítulo 2: O Enigma do Relógio

Os Detetives Mirins começaram a pesquisar o relógio e logo descobriram que era uma peça rara, conhecida como "O Relógio do Tempo Perdido". A lenda dizia que ele estava ligado a um segredo antigo e valioso da cidade de Greenville.

Eles estudaram os símbolos no relógio e tentaram decifrar o que poderiam significar. Cada símbolo parecia estar ligado a um local específico na cidade. Eles perceberam que o relógio era um mapa, mas um mapa que levava a algum lugar misterioso.


Capítulo 3: Seguindo as Marcas do Relógio

Os detetives começaram a seguir as pistas dadas pelos símbolos no relógio. Cada marca levava a um lugar diferente em Greenville, onde encontravam um pequeno enigma a ser resolvido. Eles desvendaram charadas em uma antiga biblioteca, na praça da cidade e em um cemitério.

Cada enigma resolvido os aproximava do segredo, mas eles ainda não tinham certeza do que estavam procurando.


Capítulo 4: A Revelação do Segredo

Finalmente, os Detetives Mirins chegaram a uma antiga mansão na periferia da cidade. Lá, encontraram um relógio de pêndulo gigante, idêntico ao do mapa. Quando o relógio começou a soar, eles perceberam que o som estava vindo do chão.

Com a ajuda de ferramentas e coragem, eles abriram uma passagem subterrânea que os levou a uma sala secreta cheia de tesouros! No centro da sala estava um livro antigo, o verdadeiro segredo de Greenville.


Capítulo 5: A Importância do Passado

O livro revelou a história da fundação da cidade e a importância de preservar suas tradições e memórias. Greenville foi fundada por exploradores que deixaram para trás um legado valioso e a mensagem de que o tempo é a chave para a preservação do passado.

Os Detetives Mirins de Greenville compreenderam que o relógio era uma lembrança dessa história e que a missão deles era proteger e compartilhar a rica herança de sua cidade.


Capítulo 6: Guardiões do Tempo

Timmy, Lucy e Benny se tornaram os Guardiões do Tempo de Greenville, dedicando-se a preservar a história da cidade e compartilhá-la com todos. Eles sabiam que, mesmo sem ouro ou jóias, haviam encontrado algo ainda mais valioso: a ligação com o passado e a responsabilidade de cuidar do futuro de sua querida cidade.

E assim termina a história do "Segredo do Relógio Misterioso de Greenville". Os Detetives Mirins continuaram a desvendar mistérios em Greenville, mas nunca se esqueceram da lição que aprenderam com o Relógio do Tempo Perdido.

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Título: A Aventura do Mistério do Trem Fantasma


Capítulo 1: A Partida Inesperada

Em uma manhã ensolarada em Greenville, Timmy, Lucy e Benny, os Detetives Mirins, decidiram fazer uma excursão para visitar a famosa "Vila dos Trens". Era um lugar cheio de trens antigos e uma grande atração turística da cidade.

Enquanto exploravam os vagões abandonados, eles de repente ouviram o som de um apito de trem. Para sua surpresa, um trem antigo, coberto de poeira e teias de aranha, começou a se mover sozinho pelos trilhos. Era o lendário "Trem Fantasma" que todos na cidade falavam, mas ninguém acreditava ser real.


Capítulo 2: A Jornada Misteriosa

Os Detetives Mirins não perderam tempo. Eles saltaram a bordo do Trem Fantasma, determinados a desvendar o mistério por trás dessa locomotiva assombrada. O trem avançou velozmente, e eles se encontraram viajando por uma paisagem desconhecida e misteriosa.

Dentro do trem, encontraram pistas enigmáticas e objetos antigos que os fizeram pensar sobre o passado do trem. Lucy descobriu um bilhete de viagem datado de muitos anos atrás, e Timmy encontrou um mapa escondido em uma gaveta empoeirada.


Capítulo 3: O Enigma do Bilhete

O bilhete de viagem continha uma mensagem escrita em letras desbotadas: "O segredo do trem está na estação final." O mapa indicava que o Trem Fantasma estava indo em direção a uma antiga estação de trem nos arredores da cidade.

Conforme o trem se aproximava da estação, os detetives se prepararam para desvendar o enigma do trem e descobrir o que estava na estação final.


Capítulo 4: A Estação Final

O Trem Fantasma parou na estação final, uma plataforma coberta de folhas caídas e silêncio. Os Detetives Mirins exploraram os arredores e, finalmente, encontraram uma antiga locomotiva a vapor, em péssimo estado.

Dentro da locomotiva, encontraram um diário empoeirado que pertencia ao maquinista original do Trem Fantasma. O diário continha relatos de eventos misteriosos e uma página final que mencionava o "Tesouro Esquecido".


Capítulo 5: O Tesouro Esquecido

Os detetives, agora determinados a desvendar o mistério, seguiram as pistas do diário e encontraram um compartimento secreto na locomotiva que continha um baú antigo. Ao abri-lo, descobriram um tesouro de objetos perdidos ao longo dos anos, incluindo joias, relógios, cartas e fotografias antigas.

Mas o verdadeiro tesouro era a história por trás desses objetos, que contava a saga da família que havia possuído o Trem Fantasma e os momentos especiais que compartilharam.


Capítulo 6: A Lição Aprendida

Os Detetives Mirins perceberam que o verdadeiro valor não estava no ouro ou nas joias, mas nas memórias e histórias que o Trem Fantasma guardava. Eles decidiram compartilhar a história do Trem Fantasma com a cidade de Greenville, para que todos pudessem apreciar o tesouro escondido nele.

E assim termina a história da "A Aventura do Mistério do Trem Fantasma". Os Detetives Mirins de Greenville aprenderam que, às vezes, os maiores mistérios guardam os tesouros mais preciosos: as lembranças e histórias do passado.


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Título: O Mistério da Casa Abandonada de Greenville


Capítulo 1: A Casa Esquecida

Na pitoresca cidade de Greenville, Timmy, Lucy e Benny, os Detetives Mirins, ouviram falar de uma antiga casa abandonada na beira da floresta que, segundo as lendas locais, estava cheia de mistérios. As janelas quebradas e as telhas caídas a tornaram uma visão assustadora, mas os detetives estavam determinados a desvendar o segredo que a envolvia.

Um dia, eles decidiram explorar a casa abandonada e descobrir o que estava escondido dentro.


Capítulo 2: Os Vestígios do Passado

Ao entrar na casa, os Detetives Mirins encontraram um cenário misterioso. As teias de aranha e a poeira contavam uma história de anos de abandono, mas havia sinais de que alguém esteve recentemente no local. Pegadas frescas e objetos deslocados indicavam que a casa não estava tão deserta quanto parecia.

À medida que exploravam os cômodos, encontraram uma série de fotografias antigas. As fotos retratavam uma família sorridente que, em algum momento, chamara aquela casa de lar.


Capítulo 3: O Enigma das Fotografias

As fotografias continham pistas misteriosas. Uma delas mostrava a família posando diante da casa, mas havia uma página em branco com a seguinte mensagem escrita à mão: "O segredo está nas raízes da árvore."

Os detetives sabiam que a antiga árvore no jardim da casa tinha um papel importante a desempenhar. Eles decidiram investigar o que as raízes escondiam.


Capítulo 4: As Raízes do Mistério

Os Detetives Mirins encontraram uma árvore majestosa nos fundos da casa, com um buraco curioso em suas raízes. Lá dentro, descobriram um diário pertencente à filha da família retratada nas fotografias.

O diário revelou uma série de segredos e pistas que os conduziram a uma caixa trancada em um dos quartos da casa. Agora mais determinados do que nunca, eles decidiram desvendar o enigma.


Capítulo 5: A Caixa do Segredo

A caixa continha uma coleção de cartas antigas, documentos e uma chave. As cartas contavam a história de como a família desapareceu misteriosamente da casa há muitos anos, deixando para trás segredos que estavam agora nas mãos dos detetives.

Usando a chave encontrada na caixa, eles abriram uma passagem secreta na casa, revelando um esconderijo que continha antiguidades da família e uma última carta da filha, expressando sua esperança de que alguém desvendasse o segredo da casa.


Capítulo 6: O Segredo Revelado

Os Detetives Mirins perceberam que a casa abandonada de Greenville não estava assombrada, mas guardava a história de uma família que desapareceu misteriosamente. Eles compartilharam a história e os tesouros com os moradores da cidade, trazendo à tona a verdade há muito perdida.

A casa abandonada de Greenville agora tinha uma nova vida como um museu, onde as pessoas podiam aprender sobre a história da família e os segredos que a casa mantinha.

E assim termina a história do "Mistério da Casa Abandonada de Greenville". Os Detetives Mirins de Greenville aprenderam que, por trás da fachada assustadora, as casas abandonadas frequentemente escondem histórias emocionantes e segredos esperando para serem descobertos.

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26 fevereiro 2023

Apuka: o heroi cresce na areia

 


Este livro é um projeto ainda, sem previsão de andamento...

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Nossa história começa em um sistema solar formado por cinco planetas. O quarto planeta, conhecido como Apuka, é um lugar desertificado e árido. Apuka é um planeta com uma única raça inteligente que conseguiu se desenvolver e sobreviver às condições difíceis do planeta. Eles são uma raça forte e resiliente, capazes de se adaptar e prosperar em um ambiente hostil.

A vida em Apuka é desafiante, devido às condições climáticas adversas e à escassez de recursos naturais. A raça de Apuka se divide em cinco castas: real, religioso, catedrático, trabalhador e guerreiro, cada uma com suas funções e responsabilidades específicas. A casta trabalhadora e guerreira vive em vilas e pequenas cidades, enquanto as outras castas residem nas grandes capitais.

As capitais são enormes cidades muradas, com um grande templo central onde o clã catedrático reside e um enorme palácio flutuante em cima da cidade onde fica o clã religioso e o real. A economia do planeta é baseada principalmente na extração de um líquido viscoso, conhecido como "Sap Tana", que é retirado de árvores nativas do planeta. Esse líquido é altamente valorizado em outros planetas e é uma importante fonte de renda para Apuka.

Apesar de suas dificuldades, a raça de Apuka se esforça para prosperar e sobreviver em um ambiente hostil. Eles seguem suas tradições e costumes, lutando diariamente para se adaptar e superar as dificuldades do planeta. Nossa história acompanha o caminho de um jovem guerreiro, que busca honra e glória para sua tribo e seu povo enquanto enfrenta as dificuldades do planeta deserto.

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Assim que terminar o projeto do livro anterior pretendo lançar este que já está todo em fase de rascunho.


23 fevereiro 2023

Sociedade Secreta Cinco Estrelas e o Mistério da Torta

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Este livro está basicamente no fim. Estou terminando de revisar. 

Apesar de eu ter lido e relido muitas vezes, ainda tem incoerências e erros. Se alguém encontrar algo me envie uma mensagem por favor.

Assim que terminar este livro ele será publicado e, com certeza, terão outros livros que seguem a história com os mesmos personagens e alguns novos.

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Na imagem abaixo temos nossas principais personagens sendo Dona Flávia (a mais alta) que é mãe de Márcia (direita), nossa imaginativa aventureira. Luíza à esquerda é nossa nerd que gosta de ler e sabe um pouco de tudo. Júlia, nossa caçula ao centro, é esperta e conhece todo mundo. E tem o Sr. Lucas, avô de Márcia, que estava tirando a foto e não apareceu.



Capítulo 1

Cidade de Aurora

Nossa história se desenrola na cidade costeira de Aurora, antiga vila de pescadores agora explorando principalmente o turismo e a pesca esportiva. É uma cidade acolhedora com uma praça central onde podemos ver o coreto, os cais, a escola ao lado da prefeitura, o boliche, a sorveteria e a barbearia do sr. Thomás. No entanto, existe algo estranho na cidade: um antigo casarão na rua de cima.

As crianças e adolescentes costumam parar diante do casarão à noite, admirando sua aparência sombria e assustadora. Janelas sujas, portas enferrujadas, paredes descascadas e grama alta crescendo em torno do casarão. No jardim, uma grande árvore parece esperar por corajosos que ousem subir. Mas, apesar das histórias assustadoras que cercam a casa, ela está abandonada há anos. Mas atiça a imaginação dos moradores. As vezes pode-se ver uma luz brilhante na janela de um dos quartos e barulhos de engrenagens que ecoam pelo quintal, aumentando o mistério em torno do casarão.

Em outra cidade, grande e movimentada, vizinha da cidade de Aurora, distante muitos quilômetros, vivia Márcia com sua mãe, dona Flávia, e o sr. Lucas, seu avô materno. Aos 12 anos, Márcia era uma menina curiosa e aventureira, sempre em busca de novas descobertas. Leitora de livros de aventuras, Márcia sempre se imaginava nas mesmas situações de seus heróis. Sua mãe trabalhava como cozinheira no centro da cidade, enquanto seu avô vivia consertando relógios antigos com grande habilidade. 

Abandonada pelo destino, a mãe de Márcia acabou perdendo seu emprego, deixando a família com difíceis problemas financeiros e a necessidade de mudar de endereço. Foi quando o sr. Jorge, um vizinho amigo, veio em socorro com uma solução inesperada. Ele mencionou um casarão antigo que havia pertencido ao bisavô dele, um inventor, e que agora estava abandonado. Ofereceu-se as chaves para que a família pudesse se mudar para lá, já que a dificuldade de conseguir um novo emprego estava grande. Além disso, ele sugeriu que a mãe de Márcia pudesse procurar emprego em Aurora, uma cidade bem ligada ao turismo.

A viagem até Aurora foi tranquila, e a cidade apresentou-se como uma localidade pacífica e distinta da grande metrópole de onde a família vinha. As ruas estavam repletas de crianças brincando, pipas voando na praça, e a sensação de esperança pairava na mente de dona Flávia. No entanto, ao chegar ao endereço fornecido pelo sr. Jorge e avistar o casarão, essa sensação foi temporariamente abalada. Embora o aspecto antigo e desgastado do imóvel tenha sido um susto ao primeiro olhar, eles sabiam que precisavam de um lugar para morar e que dona Flávia precisava de um novo emprego. Márcia, por outro lado, ficou entusiasmada ao ver o casarão e ansiosa para explorá-lo e imaginar passagens secretas e até mesmo fantasmas.

Pararam diante do casarão e saíram do carro. Quando se dirigiram à porta, perceberam olhares curiosos dos vizinhos, o que era compreensível já que eram novos na cidade. Ao chegar à porta viram uma plaquinha enferrujada e com certa dificuldade de ler conseguiu identificar poucas palavras "Lord ...... Máquinas". A mãe de Márcia pensou que poderia ser uma brincadeira, mas o avô lembrou que o sr. Jorge, seu vizinho,  mencionara que o antigo proprietário, seu bisavô, era um inventor, o que poderia ter alguma relação. Isso aumentou ainda mais a curiosidade de Márcia. Ao entrarem na casa, ficaram surpresos ao ver o interior parcialmente limpo, sem sinais de teias de aranha ou poeira, apesar do aspecto decadente do exterior. Muitos móveis estavam cobertos por velhos lençóis e, para sua maior surpresa, a iluminação da casa ainda funcionava.

A curiosidade de Márcia não parava de aumentar. Ela ansiava por explorar a casa. No entanto, antes disso, Dona Flávia instruiu que eles precisavam descarregar o carro e levar suas pertences para dentro. Márcia, um pouco frustrada, concordou e ajudou seu avô a transportar suas coisas. Enquanto sua mãe subia as escadas em direção aos quartos, Márcia e seu avô tiravam a coisas do carro. De repente um grito assustador foi ouvido no segundo andar da casa antiga. Assustados, correram para lá, enquanto Dona Flávia descia correndo. Márcia se perguntou se seria um fantasma, mas a mãe tentou se recompor e explicou que precisavam comprar ratoeiras. Márcia e seu avô olharam um para o outro e caíram em gargalhadas.

Dona Flávia aproveitou que era fim de semana e dedicou-se à tarefa de dar um brilho renovador à sua casa, incluindo as varandas e os quartos. Enquanto isso, Sr. Lucas foi para o porão para consertar as tubulações de água que deviam estar enferrujadas ou velhas e teve uma surpresa agradável: encontrou um cortador de grama. Ele pediu a Márcia para usá-lo para cortar o gramado na frente da casa, o que despertou a atenção dos vizinhos. Algumas crianças, curiosas, se aglomeraram nas janelas para ver os novos moradores. Enquanto cortava o gramado, Márcia viu dois meninos curiosos observando-a através da janela da casa ao lado, mas, ao acenar, eles se assustaram e se abaixaram. Márcia sorriu consigo mesma ao pensar: "Esses meninos...".

Cortando aquele gramado alto e descuidado, a imaginação de Márcia transformou-a em uma aventureira desbravadora em busca de um tesouro perdido em uma densa floresta. De repente, algo chamou sua atenção. Um brilho no meio da grama crescida. Era como se fosse um periscópio, lembrando aqueles utilizados em submarinos. Com a curiosidade aflorada, Márcia se aproximou para investigar, mas neste momento um vizinho surgiu e a saudou. O brilho desapareceu misteriosamente, como se tivesse sido engolido pelo jardim. "Bom dia!", disse o vizinho com um sorriso. "Meu nome é Carlos e moro na casa ao lado. Você poderia chamar seus pais para conversarmos?"

Márcia chamou sua mãe e seu avô para conhecerem seu novo vizinho, que se apresentou como Carlos. Ele é um dos líderes da associação de moradores da rua e apresenta-se com um sorriso cordial, convidando-os para um jantar em sua residência, a fim de promover aproximação e novas amizades. Dona Flávia é invadida por uma onda de alegria ao descobrir que encontrou um lugar acolhedor e amigável para se estabelecerem. Assim que o vizinho retorna para sua casa, Márcia tenta encontrar novamente aquele periscópio mas, infelizmente, sem sucesso. Márcia pensou que se cortasse toda a grama poderia encontrar. Dona Flávia ficou surpresa ao ver a filha entusiasmada cortando a grama com tanto prazer, parecia até que cortar a grama a deixava feliz.

A noite cai e todos se preparam para jantar com os vizinhos. Dona Flávia, orgulhosa de sua habilidade culinária, trouxe sua especialidade, uma torta de brigadeiro e morangos. Ao entrarem, o Sr. Carlos apresenta sua esposa Suzana e sua filha Júlia. Durante o jantar, as conversas giram em torno do antigo casarão abandonado há décadas, acreditado por todos estar assombrado. Dona Flávia brinca dizendo que, para ela, pode haver até mesmo um fantasma em cada quarto, desde que não haja ratos. A atmosfera é descontraída e todos se divertem. Depois do jantar, enquanto os adultos continuam a conversar na mesa, Márcia, Júlia e algumas crianças da rua se reúnem no gramado em frente da casa para compartilhar histórias de fantasmas e dos estranhos barulhos vindos da casa abandonada.

Márcia, curiosa, pergunta: "Que barulhos?" As meninas explicam que em algumas noites conseguem ouvir o som de engrenagens no jardim em frente ao casarão e sentir a grama se mexer quando pisam nela. Embora os adultos não acreditem nas histórias, rindo delas, Márcia lembra do periscópio no jardim e fica pensativa. As crianças tentam tranquilizá-la, dizendo que não precisa ter medo, mas o sentimento que invade Márcia é de pura emoção.

Ao chegar de volta ao casarão, Márcia e seu avô são surpreendidos ao encontrar algo inesperado na cozinha. "Mãe, você fez 2 tortas e esqueceu de levar uma delas?" pergunta Márcia. Dona Flávia parece tão surpresa quanto eles. "Claro que não! Para que eu faria duas tortas?", ela responde. Mas, ao chegar na cozinha, ela encontra uma torta idêntica àquela que levou para o jantar. Flávia se questiona se estaria tão cansada a ponto de ter feito duas tortas sem se lembrar. No entanto, Márcia fica feliz com a ideia de ter café da manhã com torta no dia seguinte e sorri ao pensar nisso.


Capítulo 02

Torta de Chocolate com morango

Um novo dia começa cheio de energia e entusiasmo para Márcia, que está ansiosa para explorar e descobrir os mistérios do casarão. No entanto, seu avô não conseguiu dormir, pois alega ter ouvido um tic-tac a noite inteira sem encontrar o relógio que estaria produzindo o barulho. Dona Flávia sorri com as ideias mirabolantes do pai e lembra a Márcia que hoje ela precisa se preparar para ir à escola com ela, já que ontem à noite, durante o jantar, ela havia mencionado que estava procurando um emprego e acabou sendo indicada para trabalhar como cozinheira na escola local. Embora um pouco ressentida por ter que ir à escola durante as férias, Márcia segue as instruções de sua mãe e seu avô sorri, animado com a nova vida que se inicia.

Márcia estava frustrada. Ela está ansiosa para explorar o casarão e descobrir seus segredos, mas as pessoas ao seu redor não a deixavam. "Não fique brava", diz sua mãe. "Você precisa conhecer a cidade e sua escola". Ao chegarem, sua mãe entra, mas Márcia se recusa. "Não vou entrar na escola durante as férias, dá azar", ela diz. "Deixa eu explorar aqui ao redor? Vou até a praça e nos encontramos na sorveteria". Sua mãe concorda, mas pede para ela não ir muito longe, sabendo bem de seu jeito aventureiro.

Márcia chega na praça e é invadida por sua imaginação fértil. Ela se equilibra na calçada como se estivesse em uma ponte estreita suspensa sobre um profundo desfiladeiro. Ela sobe no escorregador com entusiasmo, sentindo-se como se estivesse escalando uma enorme montanha. Júlia, sua nova amiga, a encontra juntamente com outras crianças curiosas, perguntando se ela tem medo de morar no casarão mal-assombrado. Márcia responde com coragem e bom humor: "Se eu ver algum fantasma, vamos ser amigos". Todos riem com sua resposta corajosa e Júlia apresenta Luíza, a vizinha da casa ao lado, descrita como sendo uma nerd, uma leitora de livros de histórias e que sabe um pouco de tudo. Seus grandes óculos redondos sobressaiam no visual.

Luíza conta a Márcia sobre as estranhas luzes que ela vê flutuando pelas janelas do casarão assombrado, e também sobre o barulho de tic-tac de um relógio que às vezes ela ouvia, já que a janela de seu quarto ficava de frente para o casarão. A revelação deixa Márcia espantada, pois é exatamente o que seu avô havia mencionado naquele mesmo dia pela manhã. Ela estava ansiosa para voltar ao casarão e explorar mais a fundo aquelas possíveis histórias assombradas. Luíza ainda revela sua paixão por história, especialmente a da cidade, e explica que o casarão é a primeira construção a ser erguida na região, com sua existência antes mesmo da construção do próprio porto. Boatos diziam que um inventor talentoso trabalhava lá, construindo máquinas avançadas, e que sempre havia muitos caminhões chegando e saindo do local.

Luíza tem uma brilhante ideia. Elas podem visitar a barbearia, bem em frente da praça, do senhor Thomás. Como ele era nascido e criado em Aurora, deveria ter um grande conhecimento sobre a história da cidade e poderia compartilhar algo interessante. Além disso, como barbeiro, ele tem a oportunidade de ouvir muitos assuntos de seus clientes, ficando sempre atualizado sobre as novidades  da cidade. Luíza apresenta Márcia ao Sr. Thomás, que já estava ciente da chegada dos novos moradores. Ele pergunta quando o avô de Márcia iria à barbearia para cortar o cabelo. Márcia se surpreende, pois estavam na cidade há apenas um dia. Ele ri e explica que Aurora é uma cidade pequena e todos sabem sobre todos.

Ele pergunta a Márcia se eles já ouviram falar sobre o tesouro escondido no casarão. Márcia e Luíza ficam surpresos: "Tesouro?" Sr. Thomás ri e começa a contar a história. Antes da cidade de Aurora ser construída, a área era uma grande fazenda, propriedade de um inventor inglês chamado Lorde Davies. Dizem que ele chegou ao Brasil com sua esposa e costumava passear com sua família em uma locomotiva que tinha em sua garagem. Muitos visitantes ficavam encantados com a locomotiva e compraram partes da propriedade de Lorde Davies, dando origem à cidade de Aurora. No entanto, uma doença acabou levando a esposa de Lorde e, devido à sua tristeza constante, seus filhos foram enviados para internatos. Lorde Davies se tornou recluso e vendeu todos os terrenos de sua fazenda. Muitos caminhões eram vistos entrando e saindo de sua propriedade, o que fez com que as pessoas acreditassem que ele estava criando algo incrível. No entanto, não se sabe o que realmente aconteceu. Anos depois, ele só foi visto após sua morte. Desde então, muitas pessoas procuram pelo dinheiro da venda de suas terras ou de suas invenções, mas até agora nada foi encontrado.

De repente, Márcia ouve seu nome completo sendo chamado, Márcia Santos Carvalho, ela se surpreende ao ver sua mãe furiosa. "Você não disse para te encontrar na sorveteria?" Todos ficam surpresos, mas Márcia tenta distrair a atenção apresentando seus novos amigos. Sr. Thomás se apresenta como o dono do salão e barbearia da cidade e com um sorriso largo, diz que está ansioso por sua visita. Dona Flávia se apresenta e Sr. Thomás tranquiliza dizendo que a cidade é calma, segura e todos se conhecem. Ainda oferece um corte de cabelo gratuito para o pai de Flávia. Ela se acalma e convida Luíza e Márcia para irem embora com ela. Ela oferece uma carona, já que moram perto, e as três retornam para o casarão.

Durante a volta para o casarão, Márcia compartilha toda a história sobre o casarão e o tesouro escondido com sua mãe. No entanto, Dona Flávia desdenha da ideia, dizendo que todas as cidades têm uma casa abandonada com rumores de tesouro escondido. "Marcia, você tem uma imaginação fértil, mas não quero ver você perdendo tempo com histórias sem sentido", diz Dona Flávia. Quando chegam ao casarão, a imaginação de Márcia está fervendo e, enquanto sua mãe entra, ela e Luíza correm para a garagem ao lado em busca da locomotiva. Quando abrem a porta da garagem, ficam surpresas ao ver trilhos no chão e rodas de trem empoeirada e jogadas no canto, mas não há sinal da locomotiva. Em vez disso, há apenas um carro velho, sujo e enferrujado. Neste momento, ouvem outro grito vindo de dentro da casa. Márcia ri e pensa que deve ser apenas mais um rato.

Dona Flávia chama Márcia com urgência. "Venham ver isso!", ela exclama. Márcia se pergunta o que pode ser tão importante. Quando as duas entram na cozinha, encontram uma torta de chocolate e morangos idêntica àquela que sua mãe havia feito na noite anterior. "Mas esta não é a mesma torta que fez a mais ontem?", pergunta Márcia, surpresa. Dona Flávia abre a geladeira e mostra a torta que haviam comido durante o café da manhã. Márcia se anima, pensando que não apenas há um tesouro escondido na casa, mas também um mistério a ser resolvido. Um mistério saboroso. E assim começa o melhor verão de todos.


Capitulo 03

Passagem secreta

Após explicar o mistério da torta, as duas decidem investigar a casa em busca de respostas. Revistam todos os quartos, vasculham sob as camas, examinam armários e batem nas  paredes à procura de uma passagem secreta, mas não encontram nada. Então, Luíza pergunta: "Onde está a escada para o sótão?" Márcia espanta-se: "Sótão? Temos um?" Luíza leva Márcia para fora da casa e aponta para uma pequena janela no topo da casa: "Lá está seu sótão". Márcia chama sua mãe e avô para ver a descoberta, e todos retornam para a casa para procurar a "escada secreta".

O avô de Márcia, recordando as noites anteriores de insônia devido ao tic-tac que ouvia sem saber de onde vinha, suspeita que o relógio estaria escondido no sótão. Ele pega seu estetoscópio, que costuma usar para consertar relógios e ouvir o barulho das engrenagens, e coloca nas paredes para tentar encontrar o som. Todos se aglomeram para ver. Márcia conta que já tinha procurado em todos os quartos, armários, banheiro e não achou nada. Dona Luíza pergunta: "Mas e a estante de livros no final do corredor, alguém já procurou lá?" Todos se olham e se dirigem imediatamente ao final do corredor. Sr. Lucas tenta mover a estante e percebe que está presa ao chão. Todos examinam a estante. Dona Flávia nota uma pequena corrente de ar soprando pelas fissuras entre a estante e a parede. Márcia decide retirar os livros e, para todos surpresa, encontram uma maçaneta. Finalmente encontrei uma passagem secreta, pensa Márcia, já imaginando o que viria a seguir.

Eles tentam abrir a maçaneta, mas sem êxito. Luíza aponta para um pequeno buraco de fechadura, oculto atrás de um livro e Sr. Lucas afirma que, como a fechadura é antiga, uma das chaves das portas da casa pode abri-la. Ele se lembra de ter visto um vidro cheio de chaves enquanto consertava canos no porão. No entanto, o porão era perigoso devido aos objetos cortantes e ferramentas, então ele só permitia que Márcia entrasse acompanhada de um adulto. Sr. Lucas oferece-se para buscar o vidro de chaves no porão enquanto as meninas procuram nas portas. Dona Flávia, por sua vez, procura por mais informações entre os livros da estante. Márcia está cheia de expectativas com a descoberta da porta.

As meninas juntaram todas as chaves e seu avô trouxe um vidro cheio de chaves, mas ao tentarem abrir a estante com as chaves da casa, elas não tiveram sucesso. Ao examinarem as chaves do vidro, elas descobriram que cada uma tinha desenho diferente com formatos distintos, como uma bola, uma lua, uma estrela, um coração e muitos outros, que pareciam ter saído de um livro de contos de fadas. Sr. Lucas buscou uma lupa e uma lanterna para examinar a fechadura da estante com mais cuidado e descobriu que ela se parecia com um triângulo. Márcia procurou ansiosamente entre as várias chaves e encontrou a chave correta, em formato de triângulo na ponta. Dona Flávia pegou a chave e a colocou na fechadura. De repente, ouviram um estalo e engrenagens girando na porta e parando. Sr. Lucas tentou girar a maçaneta da porta, mas não conseguiu abri-la. Márcia e Luíza ficaram preocupadas. Então, após analisar a estante um pouco mais, Sr. Lucas percebeu que a estante era uma porta corrediça. Ao perceber ranhuras no assoalho ao lado da estante, ele segurou a maçaneta com uma mão e a estante com a outra, forçando para o lado. A estante tremeu e começou a se mover. Eles finalmente conseguiram abrir a porta secreta. Ao abrir,  luzes se acenderam iluminando a escada que levava ao misterioso sótão.

Após Dona Flávia se mostrar ainda mais nervosa do que sua filha, ela decidiu se adiantar e abrir a porta alçapão no topo da escada. Mas ao colocar o pé no último degrau, um clique ecoou e a porta se abriu, liberando um fraco e trêmulo facho de luz. Com um passo hesitante, Sr. Lucas avançou para o sótão enigmático, enquanto Dona Flávia e Márcia o seguiam de perto, assustadas pelos estranhos barulhos e um suave ronco de engrenagens. Ao chegar ao sótão, Sr. Lucas ficou boquiaberto, surpreso pela visão inacreditável que se revelou a ele.  Seu conhecimento acumulado sobre relógios ao longo dos anos não o preparou para o que via agora: um sótão repleto de relógios, rodas e eixos girando em harmonia perfeita, formando um gigantesco mecanismo. As luzes coloridas vindas dos diversos vitrais de pequenas janelas no teto iluminavam a sala brilhante de metal. E a pergunta permanecia, pairando no ar: para que serve essa máquina enigmática?

O mistério daquela casa parecia aumentar a cada passo, e ainda assim, havia muito mais por ser descoberto. O anoitecer se aproximava e Dona Flávia imaginou que os pais de Luíza poderiam estar preocupados. "Vamos todos descer e retornaremos amanhã para explorarmos ainda mais este lugar", ela sugeriu. Márcia ficou chateada, queria ficar ali, desvendando todas as maravilhas que tinha visto. Mas Dona Flávia foi insistente, "Não, amanhã retornaremos". Márcia sabia que sua determinação era inabalável e concordou resignada. "Agora é hora de jantar e eu ainda não preparei nada", Dona Flávia lembrou, "Vou fechar a porta e guardar a chave". Ela sabia que só uma porta trancada conseguiria conter Márcia. Ao chegarem na cozinha, eles encontraram uma nova surpresa: uma torta recém-feita, mas sem o recheio, estava esperando por eles no balcão. Porém, Dona Flávia lembrou que havia acabado os ingredientes do recheio e o chocolate em pó, abrindo a despensa para confirmar, e, por isso, quem quer que tivesse tentado fazer a torta, não havia conseguido. Os olhos de Márcia brilhavam, ela levantou os braços e correu pela sala, gritando "Eu moro no melhor lugar do mundo!".


Capítulo 04

O sótão

A noite havia chegado ao fim e Dona Flávia estava cada vez mais apreensiva com a ideia de alguém invadindo sua casa e deixando tortas surpresas. Entretanto, Sr. Lucas havia finalmente encontrado o sossego, graças à descoberta da fonte do estranho barulho que o atormentava durante as noites. Por outro lado, Márcia estava tão animada para visitar o sótão que mal conseguiu dormir. Quando a mãe abriu a porta de seu quarto pela manhã, Márcia estava pronta, esperando ansiosamente para iniciar sua aventura. Depois do café da manhã, Dona Flávia estava decidida a sair em busca de mantimentos e uma câmera, determinada a solucionar o mistério da estranha atividade na casa. Enquanto isso, Márcia não se preocupava, aproveitaria simplesmente mais tortas surpresas.

Dona Flávia estava saindo quando ouviu a campainha tocar e, ao abrir a porta, foi surpreendida pelas suas queridas vizinhas, Júlia e Luíza. As três amigas se reuniram animadas na sala, juntamente com Márcia, para compartilhar suas descobertas sobre a passagem secreta, as chaves com formatos diferentes, o sótão repleto de engrenagens e a torta mágica, que todas já estavam saboreando. Sr. Lucas então entrou na sala com entusiasmo para explorar o sótão e perguntou se alguém queria se juntar a ele. Sem pensar duas vezes, todas correram para as escadas para ver a passagem secreta, e a visão era simplesmente de tirar o fôlego, com o quarto secreto cheio de engrenagens e máquinas nas paredes, correntes e correias passando através delas.

Ao chegarem ao sótão, Sr. Lucas advertiu: "Não toquem em nada, mocinhas. Não sabemos o que essas máquinas fazem. Vou examinar tudo o que puder e, se encontrarem algo mais estranho, vocês devem me chamar." As meninas concordaram, abaixando a cabeça. Enquanto Márcia achava que aquela casa era um paraíso para suas aventuras, aquele quarto no sótão tinha se transformado em um parque de diversões para Sr. Lucas, que se sentia como se estivesse dentro de um enorme relógio. Sua primeira missão foi encontrar a fonte de energia daquele maquinário. Como poderia uma casa abandonada há décadas manter tudo funcionando? Foi então que ele notou uma escada que levava a uma claraboia no telhado. Ao subir, descobriu pequenos cata-ventos conectados às correntes das engrenagens. Ele também observou que muitas correntes estavam enferrujadas e quebradas, o que o levaria a consertá-las posteriormente. "Mistério um resolvido", pensou Sr. Lucas, "descobrimos a fonte de energia."

Enquanto seu avô estava no alto da escada as meninas seguiram mais a frente, para uma parte mais escura do sótão. Observavam com fascinação as pequenas luzes piscando no escuro, mas uma cortina que cobria a janela impedia-as de ver claramente. Márcia, sempre destemida, decidiu agir: pegou uma vassoura e sem chegar muito próximo daquela parte mais escura, levantou o cabo e puxou a cortina da janela, sem se aproximar muito. O que se seguiu foram gritos ecoando pelo sótão. Preocupado, Sr. Lucas desceu a escada correndo, temendo pelo pior. Crianças brincando perto de máquinas perigosas? A ideia era assustadora.  Mas, para sua surpresa, o que encontrou foi algo completamente diferente. No primeiro olhar, parecia um esqueleto ao lado de uma caixa. As meninas estavam assombradas e abraçadas, esperando a chegada de um adulto. Ao chegar, Sr. Lucas não pôde conter sua risada. "Venham ver meninas", disse ele, "vocês nunca iam descobrir o que é isto!"

Com cuidado, as meninas se aproximaram do que parecia ser um boneco, mas à medida que o avô deu um puxão, elas perceberam que era, na verdade, um robô! Com pernas e braços de metal e uma cabeça cilíndrica, parecida com um chapéu, era tão pesado que Sr. Lucas teve que fazer um esforço para movê-lo em direção à luz da janela. Observando mais de perto, ele notou um pequeno buraco nas costas, como se fosse um boneco de corda, mas não conseguia imaginar que tipo de brinquedo era aquele. Decidiram deixá-lo de lado por enquanto e explorar mais o sótão. No entanto, Luíza chamou a atenção das meninas para um painel com luzes piscando e um armário mais adiante. Sr. Lucas estava determinado a desvendar o mistério por trás desse brinquedo intrigante.

As meninas se depararam com um novo desafio: o painel e o armário estavam trancados com fechaduras esquisitas. Observando-as, perceberam que ambas tinham formatos de chave diferentes, desta vez em forma de estrela de seis pontas e de um trevo de quatro folhas. Com um sorriso no rosto, Sr. Lucas sacou do bolso as chaves, porém nenhuma delas parecia servir. Enquanto Julia e Luíza tentavam encontrar a chave certa, Márcia sentou-se em uma mesa próxima e ficou observando um grande mapa da cidade que estava pendurado na parede. Seus olhos brilharam quando notou um chafariz com um coração desenhado no centro, e com um sorriso envergonhado, sugeriu que aquele seria o local onde os namorados costumavam se encontrar. Observando o mapa com mais atenção, Sr. Lucas percebeu que vários locais da cidade tinham símbolos marcados, mas estavam borrados ou apagados devido à ação do tempo. Ele pode perceber apenas alguns como uma estrela na prefeitura, uma meia lua na biblioteca e o que parecia ser uma cruz no porto. Certamente aquela cidade escondia muitos segredos e mistérios a serem desvendados.

Neste momento, Júlia soltou um grito de animação, lembrando-se do pequeno buraco em forma de coração no chafariz da praça. "Claro!" exclamou. "Os casais dizem que é um lugar mágico para namorar. É uma lenda boba da cidade." Ela soltou uma risadinha, mas todos podiam ver a empolgação em seus olhos. Então, Sr. Lucas mostrou a chave em forma de coração que tinha nas chaves da casa e perguntou: "Seria um buraquinho deste tamanho?" Neste momento, a ansiedade de todos atingiu um novo nível, cada um mal podia esperar para testar aquela ideia da chave de coração no buraquinho do chafariz. Enquanto desciam as escadas do sótão, as meninas mal conseguiam conter a empolgação sobre o que acabavam de descobrir. Porém, ao chegarem no térreo, perceberam que dona Flávia já havia retornado. Com as palavras quase atropelando uma a outra, tentaram contar tudo o que haviam visto, mas o Sr. Lucas, com toda a calma que lhe era característica, decidiu que era melhor atualizar ela sobre os últimos acontecimentos. Com um gesto, ele entregou a chave de coração para Márcia e pediu que fossem na frente para que pudessem chegar logo à praça, enquanto explicava para sua filha, dona Flávia, o que haviam descoberto no sótão.

--- revisado

Capítulo 05

A chave do coração

As três amigas pedalavam com euforia, sentindo a brisa fresca da tarde em seus rostos enquanto avançavam em direção à praça. Márcia olhava para as amigas ao seu lado com uma sensação de felicidade e realização. Ela havia reunido um grupo de amigas corajosas e curiosas que compartilhavam de sua paixão por aventuras. Quando finalmente avistaram a praça, seus sorrisos se alargaram ainda mais. As três amigas estacionaram suas bicicletas no passeio e, com passos apressados, dirigiram-se imediatamente em direção ao chafariz.

O chafariz era uma majestosa estrutura circular, feita de um metal dourado, já um pouco gasto pelo tempo, que reluzia à luz do sol. Em seu centro, uma imponente estátua do deus Netuno, empunhando seu tridente, sentava-se sobre uma pedra rodeado por duas sereias de beleza hipnotizante. Ao redor da base, cinco peixes com suas bocas abertas, pareciam esperar que a água jorrasse novamente dali. Então, Márcia, curiosa como sempre, perguntou sobre a ausência de água. Foi Julia, a historiadora amadora do grupo, que esclareceu: "Esse chafariz não funciona desde a inauguração da cidade, há muitas décadas. Várias tentativas de conserto já foram feitas, mas nenhuma delas foi bem sucedida."

Luíza apontou com entusiasmo para um pequeno buraco em forma de coração, que parecia perfeitamente encaixar a chave. Márcia rapidamente pegou a chave e tentou inseri-la, mas para sua frustração, não entrou. As meninas trocaram olhares preocupados, sem saber o que fazer em seguida. "Não pode ser", lamentou Márcia. Elas tentaram novamente, mas a chave encaixava mas não entrava. Determinada a desvendar o mistério, Márcia propôs: "O mapa mostra um coração aqui, talvez haja outros buracos de coração no chafariz. Vamos procurar por eles e ver se conseguimos desvendar o enigma". Empolgadas com a ideia, elas adentraram o chafariz, atraindo a curiosidade de adultos e crianças que passavam pela praça. A busca pelas marcações de coração as levou a procurar no chão, nas paredes e até mesmo na estátua central, onde Márcia subiu para uma melhor visão, mas foi advertida por um policial. Desanimadas com a falta de sucesso, elas saíram envergonhadas do chafariz. "Eu tinha certeza que ia dar certo", lamentou Luíza. Sentaram no banco em frente ao chafariz para trocar ideias e pensar no que deu errado.

As meninas se encontravam em um momento de total desânimo, quando avistaram o avô de Márcia chegando com um entusiasmo evidente. Curioso para saber dos resultados, o sr. Lucas questionou: "E então, o que vocês descobriram?" As meninas, ao mesmo tempo, expressaram a decepção: "Não descobrimos nada. A chave não entra." Observando o buraquinho em forma de coração, o sr. Lucas coçou a cabeça, pensando em como resolver a questão. Ele então usou a lanterna do celular para iluminar o interior do buraco e percebeu algo incomum. Retira do bolso seu canivete suíço e insere a chave de fenda, com cuidado, pelo pequeno buraco. Ele deu um sorriso, deixando as meninas curiosas. Com muito cuidado ele abre seu estojo de consertar relógios, que está sempre com ele, e tira uma pinça comprida e insere pelo buraco. Ao puxar ele retira um pedaço de chicletes. As meninas abrem os olhos e entendem o problema. Algum sem educação colocou chicletes no buraco. Aos poucos o sr. Lucas ia retirando pedaços de chicletes e sujeira acumuladas de anos.

Com habilidade cirúrgica, Sr. Lucas foi retirando pacientemente a sujeira acumulada ao longo dos anos. Cada pedaço de chiclete grudento ou sujeira teimosa exigia uma precisão e concentração cuidadosas para serem retirados com sucesso. Enquanto isso, o policial que havia advertido as meninas se aproximou com um ar de desconfiança. "O que vocês estão fazendo aqui de novo?", perguntou ele. Sr. Lucas respondeu tranquilamente: "Fazendo uma descoberta incrível, meu caro". O policial se afastou, curioso, mas mantendo uma certa distância.

Finalmente, depois de muito trabalho, sr. Lucas concluiu sua tarefa. Márcia teve a honra de tentar a chave na fechadura, e com um pouco de esforço, ela finalmente entrou. Uma sensação de expectativa tomou conta do grupo enquanto a chave era girada lentamente. O som de engrenagens se movendo e pequenos estalos ecoaram pelo buraco. De repente, uma placa de metal se soltou da parede, deixando à vista um tubo de lata antigo para guardar mapas, três chaves, uma estranha estrela azul e um intrigante dispositivo na parede. O coração de Sr. Lucas acelerou com a emoção da descoberta. Sem hesitar, ele apertou o botão do dispositivo.

O silêncio da praça foi rompido por um estrondo alto, que ecoou por todas as esquinas. As pessoas se aproximaram do chafariz e notaram que ele começou a tremer. De repente, água suja começou a jorrar das bocas dos peixes da estátua central, espirrando em todas as direções e sujando as pessoas próximas. Mas, pouco depois, a água barrenta deu lugar a uma corrente pura e cristalina que jorrou com força. Todos ficaram maravilhados. Os comerciantes saíram de suas lojas para testemunhar aquele momento histórico, pois nunca tinham visto o chafariz funcionar. O Sr. Thomás, dono da barbearia local, correu em direção a Márcia, quase sem fôlego, e perguntou se elas haviam conseguido consertar a fonte. O Sr. Lucas, radiante de felicidade, deu um grande sorriso e acenou afirmativamente. "Vamos continuar nossa busca pelo tesouro, meninas?" - disse ele. Entusiasmadas, elas correm para pegar suas bicicletas e voltar para o casarão, levando consigo os achados. Enquanto isso, o Sr. Lucas permaneceu para trás, recebendo os cumprimentos pelo feito.

Ao chegarem em casa, Márcia e suas amigas estavam eufóricas com a aventura que acabaram de viver. A ideia de explorar o casarão e encontrar um tesouro era emocionante, mas o conserto do chafariz da cidade, que nunca havia funcionado, era a cereja do bolo, ou dizendo melhor, da torta. Enquanto as meninas comemoravam na cozinha, Dona Flávia tentava instalar as câmeras de segurança, mas logo percebeu que precisaria da ajuda do seu pai. Quando perguntou pelo avô, Márcia contou animadamente sobre a façanha na praça, onde todos o parabenizavam pelo feito. Dona Flávia não podia acreditar, mas estava feliz por ver sua família mudando para melhor. Em poucos dias, Márcia tinha ganhado amigas leais e seu pai recebia elogios das pessoas em vez de ficar sozinho consertando relógios, como era comum em sua moradia anterior. Era uma felicidade genuína para a mãe. "Vamos esperar seu avô", disse ela para a filha, "preciso da ajuda dele para instalar a câmera na cozinha."

Enquanto isso, aguardem na sala e aproveitem de um delicioso pedaço de torta, afinal, há ainda muita na geladeira. Márcia admite consigo mesma: nunca pensei que diria isso, mas estou começando a enjoar de tanto doce. No entanto, mesmo assim, ela sorri enquanto leva mais uma garfada à boca, apreciando o sabor caseiro da torta misteriosa de chocolate com morangos.


Capítulo 06

O mapa

Algum tempo depois, o sr. Lucas chegou exalando felicidade, e Dona Flávia pôde sentir a alegria do pai em seu semblante. "As meninas já te contaram sobre os acontecimentos, acredito?", perguntou ele. "Sim, mas estou mais feliz por você", sorriu a filha. Sr. Lucas foi em direção às meninas na sala e juntou-se a elas para analisar o que encontraram no chafariz. Ele examinou as chaves, todas com símbolos diferentes em seus segredos, pegou a estrela e tentou estudá-la. "É uma estrela de sete pontas, parece ser feita de vidro, mas olhando com a lupa e a lanterna do celular, percebi que não é vidro, é um cristal de quartzo muito bem trabalhado e de uma cor azul cristalina que nunca havia visto antes." Dona Flávia e as meninas observavam enquanto sr. Lucas analisava e descrevia. Então, ele pegou o cilindro com cuidado e retirou a tampa de um dos lados. Com a lanterna do celular, iluminou por dentro e percebeu um papel muito fino enrolado. Com muita delicadeza, usando uma pinça, puxou o papel de dentro do cilindro. Parecia um papel de seda, quase transparente, com escritos e um grande esquema de uma máquina ou dispositivo. 

Observando o esquema, sr. Lucas percebeu que algumas informações importantes estavam faltando, como descrições e desenhos precisos no esquema. Dado seu vasto conhecimento em trabalhar com relógios e maquinários, ele sabia que era crucial preencher essas lacunas para decifrar o propósito final do dispositivo. Contudo, decidiram deixar essa tarefa para depois e se concentrar em outra pista importante: as chaves encontradas no chafariz. Seria uma delas capaz de abrir o armário misterioso que encontraram lá em cima?  Enquanto sr. Lucas e as meninas se empenhavam em descobrir a resposta, dona Flávia interrompeu com um mistério urgente a ser resolvido: a torta. Com um sorriso, ela solicitou a ajuda de sr. Lucas para instalar uma câmera na cozinha e de Márcia para programar as imagens no celular, afinal, um mistério de cada vez em família.

Com destreza, sr. Lucas manuseou a furadeira e instalou a câmera com precisão. Com a ajuda de Júlia, exímia em aplicativos de celular, configuraram tudo perfeitamente. As meninas fizeram um teste, acenando para a câmera enquanto espiavam pelo celular. Dona Flávia disse: "Agora, vamos desvendar o mistério da torta!" Ela tinha comprado todos os ingredientes necessários e os tinha armazenado na despensa. Agora, tudo o que podiam fazer era esperar. "Vamos todos para o sótão", sugeriu ela, também estou super curiosa com tudo isso.

Todos subiram ao sótão, colocando os objetos encontrados sobre a mesa. O coração de Dona Flávia acelerou quando viu um boneco mecânico no chão, parecendo observá-los com seus olhos vazios. Apesar da tensão momentânea, a família logo se reuniu para compartilhar suas descobertas e a empolgação tomou conta de todos. Contudo, a verdadeira joia do sótão era um armário e um painel de luzes. Segurando as chaves encontradas no chafariz, Sr. Lucas abriu o armário e ficou impressionado com o que encontrou: um tesouro de ferramentas e peças raras que poderiam ter sido usadas para consertar quase tudo. Entretanto, Márcia estava ansiosa por mais aventura e pensou que descobriria outro segredo. Com um sorriso enigmático, Sr. Lucas tranquilizou a neta, sugerindo que olhasse ao redor - eles já estavam dentro de um grande segredo. Mas a verdadeira maravilha estava no painel de luzes, onde haviam botões em diferentes formatos, quase todas apagadas. Quando Luísa notou a luz vermelha em formato de coração, que possivelmente deve ter acendido ao ligar o chafariz, uma nova ideia surgiu: será que as outras luzes indicavam outros pontos da cidade? Sr. Lucas não conseguia acreditar que a casa da família poderia estar conectada de alguma forma ao resto da cidade.

Enquanto o Sr. Lucas meticulosamente inspecionava o painel, tentando desvendar a complexidade dos botões e interruptores laterais, as meninas vasculhavam o sótão em busca de novas descobertas. Márcia se sentia especialmente intrigada pelo mapa na parede, que havia sido a chave para a aventura no chafariz. Examinando-o mais de perto, ela notou um pequeno interruptor ao seu lado e, movida por sua insaciável curiosidade, decidiu acioná-lo. Como num passe de mágica, uma luz piscou e acendeu por trás do mapa, chamando a atenção de todos. Sr. Lucas, então, voltou-se para a nova descoberta e, examinando o mapa com mais cuidado, conseguiu perceber desenhos ilegíveis de máquinas e engrenagens espalhados por toda a cidade. Ele tentou remover o mapa da parede, mas a moldura estava presa firmemente. Foi então que ele notou uma fenda na lateral e teve uma ideia. Pegando o mapa encontrado no chafariz, ele o inseriu na fenda, deixando todos atônitos. 

A luz que iluminava os dois mapas juntos deixou Sr. Lucas ainda mais curioso e fascinado, pois finalmente os desenhos incompletos do primeiro mapa se tornaram claros e solucionados pelo segundo mapa. Contudo, ele percebeu que ainda havia mais mistérios por desvendar, pois o desenho esquemático dos dois mapas estava longe de estar completo. Assim, sua mente inquieta começou a imaginar a possibilidade de haver outros mapas escondidos, revelando mais segredos sobre a cidade e sobre a história daquela casa.


Capítulo 7

A chave mestra

Após um dia repleto de aventuras, a noite havia enfim chegado. Dona Flávia mal conseguia dormir de tanta ansiedade, aguardando que a filmagem da câmera revelasse o responsável pelas tortas misteriosas. Embora a noite em si tivesse sido tranquila, ela se levantou cedo para começar seu trabalho como cozinheira na escola, preparando biscoitos para turistas que visitavam a cidade. A renda extra gerada por seus quitutes ajudaria a escola e a prefeitura a adquirir instrumentos musicais para a banda local. Ao vasculhar a cozinha em busca da torta, Dona Flávia não encontrou nada e se perguntou se a presença da câmera havia inibido o responsável. Enquanto isso, Sr. Lucas já estava acordado, limpando e consertando as correntes dos cata-ventos da enigmática máquina no sótão da casa. Márcia, por sua vez, já havia partido de bicicleta com as amigas. Apesar dos mistérios e surpresas que cercavam Aurora, a vida da família naquele casarão estava começando a se estabilizar.

Dona Flávia se esforçou para chamar a atenção do pai, mas ele estava tão concentrado em consertar a máquina que nem uma explosão o faria desviar o olhar. Frustrada, ela deixou um bilhete sobre o almoço no forno e saiu em direção à escola. Ao atravessar a rua, ela avistou a filha brincando animadamente com outras crianças e vizinhos, em uma cena que parecia retirada de um filme de época, tão diferente da agitação e violência da cidade onde antes viviam. A caminhada de vinte minutos até a escola valia a pena, pois ela passava por uma rua toda arborizada e fresca. Ao chegar à praça pôde ver pessoas posando para fotos ao lado do chafariz agora restaurado. A prefeitura, a pedido dos comerciantes, já havia mandado polir o metal para que o dourado reluzisse ao sol. Sr. Lucas, pai de Dona Flávia, já era conhecido na cidade e todos a cumprimentavam ao passar pela rua.

Dona Flávia sabia que seu trabalho na escola seria fácil, graças à sua experiência como confeiteira. Fazer biscoitos era um prazer para ela, e o fato de ser paga por isso tornava tudo ainda melhor. Enquanto isso, Sr. Lucas estava sozinho no casarão, ocupado com a troca das correntes dos cata-ventos. Para garantir que não haveria distrações, ele desligou uma chave mestra que encontrou perto da escada. Com as mãos sujas de graxa, ele fez uma última verificação antes de descer a escada com cuidado e se preparar para ligar a chave novamente, ansioso para descobrir o que tinha consertado e o que a máquina enigmática da casa fazia.

Impaciente e ansioso, Sr. Lucas pensou em esperar por Márcia e suas amigas, mas a curiosidade era mais forte. Ele segurou o interruptor com as mãos trêmulas e o ligou. O som que a chave produziu parecia o de um gerador voltando à vida. Primeiro, houve um ruído metálico e constante, seguido por um som agudo que foi se tornando cada vez mais alto e, em seguida, mais silencioso à medida que as engrenagens começaram a se mover em sincronia. As paredes começaram a tremer e Sr. Lucas sentiu que havia engrenagens por dentro delas também. Ele se perguntou o que o inventor maluco, dono da casa, teria criado. Pouco depois, diversas luzes se acenderam em todo o sótão, permitindo que ele visse toda a complexidade do ambiente. No fundo do sótão, onde antes estava muito escuro, havia uma pequena oficina e uma porta que ele não havia notado antes. Na oficina, haviam peças de reposição e muitas ferramentas estranhas para ele. Ao tentar abrir a porta, que estava trancada com mais uma daquelas chaves enigmáticas, ele ficou impaciente e ansioso e tentou forçá-la, mas era uma porta de metal e não cedeu.

Naquele mesmo instante, enquanto o Sr. Lucas estava em casa ligando o interruptor daquela misteriosa máquina, o celular de dona Flávia soava agitado. Era o sensor de movimento da câmera da cozinha, interagindo com o aplicativo instalado em seu aparelho. Infelizmente, ela estava na cozinha da escola, entretida fazendo biscoitos e não ouviu o toque do celular. Enquanto isso, o Sr. Lucas examinava atentamente a porta, a fim de identificar a fechadura e percebeu que não havia qualquer buraco onde pudesse inserir uma chave. Tateando a porta, sentiu uma pequena camada trêmula que ao apertar, deslizou para baixo destacando um buraco em formato de estrela, semelhante a que encontraram no chafariz. Após vasculhar a mesinha sem sucesso, ele se perguntava onde Márcia poderia ter guardado a estrela. Sem resultado, ele também procurou em seu quarto, sem achar nenhum sinal algum. Sr. Lucas voltou ao sótão, confiante de que Márcia e suas amigas iriam retornar em breve, especialmente sua neta curiosa, que estaria aflita por saber das descobertas.

Na animada praça, as crianças se divertiam com as histórias contadas pela turma da Márcia, como já eram chamadas. O Sr. Luiz alertou as meninas para não divulgarem sobre o sótão, a fim de evitar a perturbação da paz familiar por curiosos. O tema do momento era o chafariz, atraindo turistas e habitantes da cidade em grande número. Foi então que o Dr. Ambrósio, redator do jornal local, procurou Márcia, querendo saber mais sobre o assunto. Ela o direcionou ao seu avô no casarão. Naquele exato momento, o Sr. Lucas ligava o interruptor no sótão. Pouco tempo depois, todos ouviram uma forte badalada do sino na torre do relógio da prefeitura, silenciando a cidade. O relógio da torre sempre foi um problema em Aurora, nunca funcionou e, de acordo com a crença popular, não passava de um adorno, já que várias tentativas de consertá-lo foram em vão. Apenas o sino do relógio tocou, os ponteiros permaneceram imóveis. Meu avô conserta relógios, quem sabe ele pode ajudar, sugeriu Márcia ao Dr. Ambrósio.

O toque dos sinos invadiu os ouvidos de todos, inclusive da dona Flávia que estava na cozinha da escola preparando uma fornada de biscoitos de canela. As cozinheiras não resistiram e correram para fora e ver o que estava acontecendo. Flávia, por sua vez, não entendeu a euforia das colegas, até sair e se deparar com a multidão aglomerada na rua, fascinada pelo sino da prefeitura badalando intensamente. Dona Flávia logo pensou em seu pai e se ele poderia ter algo a ver com o ocorrido. Ela imediatamente pegou sua bolsa para buscar o celular e verificar se ele havia enviado alguma mensagem, mas o que encontrou foi um sinal de alerta de movimento da câmera. Flávia tentou reproduzir a filmagem, mas não conseguiu mexer no aplicativo. Ela então pensou que seu pai pudesse estar buscando o almoço no forno e tentou ligar para ele, sem sucesso. Mais tarde, ao voltar para casa, dona Flávia resolveria as suas dúvidas.

Márcia e suas amigas pedalavam de volta para casa enquanto o Dr. Ambrósio as seguia com sua lambreta azul, criando uma cena pitoresca nas ruas. Chegando no casarão, as meninas estacionam as bicicletas no jardim  e seguem para a porta de entrada, que rangia como uma casa assombrada. Ao entrar na casa, um forte cheiro de queimado invadiu suas narinas. Márcia instintivamente corre em direção à fumaça, enquanto suas amigas abrem as janelas, deixando o ar entrar na casa. Na cozinha, completamente esfumaçada, Márcia percebe que a fumaça vem do fogão. Com cuidado, ela abre a porta do forno, deixando escapar mais fumaça, e retira uma tigela com algo claramente tostado. "Alguém encontre meu avô!" grita Márcia, preocupada. Ela coloca a travessa na bancada da cozinha, ao lado de uma suculenta torta de chocolate com morangos, recém-saída do forno. Tudo aquilo era tão surreal! O Dr. Ambrósio, curioso com a situação, oferece ajuda, perguntando se seria necessário chamar os bombeiros, mas Márcia nega, acreditando que seu avô talvez tenha ligado o forno e esquecido. Em seguida, o Sr. Lucas chega apressado e surpreso com o cheiro forte de fumaça na casa e a fuligem nos armários brancos da cozinha. Após ventilar a casa, todos saem para o jardim para respirar um ar mais puro. O Dr. Ambrósio se apresenta como editor do Jornal Aurora e historiador local. "Seria uma honra entrevistá-lo sobre o conserto do chafariz", pede ele, com um sorriso amigável e surpreso com todo o ocorrido.

Enquanto o Dr. Ambrósio conversava animadamente com o avô de Márcia, suas amigas se prontificaram a ajudá-la a limpar a casa da fumaça. Embora tenha considerado ligar para a mãe, Márcia preferiu não interromper o primeiro dia de trabalho dela. Ao provar a torta, notou um leve gosto de queimado, mas nada que comprometesse sua qualidade. Ela, então, cortou uma fatia e ofereceu ao jornalista, descrevendo-a como uma especialidade da mãe. Embora a torta não fosse de autoria dela, Márcia sabia que o toque de sua mãe estava presente. Durante a conversa, Sr. Lucas revelou ter encontrado várias chaves de diferentes formatos no porão enquanto realizava reparos na casa. Uma das amigas de Márcia notou a chave em forma de coração e contou a história do chafariz da praça, incluindo o buraco correspondente, omitindo sobre o mapa e a estrela azul. A descoberta das chaves despertou a curiosidade de Dr. Ambrósio sobre suas possíveis outras utilidades na cidade. Embora Sr. Lucas não soubesse mais sobre as chaves, prometeu informar o jornalista caso descobrisse algo novo. Ele ainda pediu que o assunto fosse mantido em sigilo para evitar curiosos e manter a tranquilidade da família, o que foi prontamente aceito.


Capítulo 08

Dr. Ambrósio

Dr. Ambrósio deixou a agradável conversa com seus novos amigos para trás e partiu em sua lambreta azul em direção ao jornal, com a mente fervilhando de possibilidades e teorias a respeito das chaves encontradas no porão da casa do Sr. Lucas. O interesse histórico do jornalista era cada vez mais evidente e a perspectiva de desvendar os segredos de sua cidade o enchia de excitação. Chegando ao seu destino, deparou-se com a presença ilustre do prefeito e do chefe de polícia, que o aguardavam na porta. O jornal era composto de duas salas: um escritório e uma área de produção. Dr. Ambrósio se acomodou em sua mesa e perguntou aos cavalheiros: "Em que posso ajudá-los?".

O Sr. Jarbas é o prefeito da cidade pela quarta vez consecutiva e é tão querido pela população que nunca enfrentou um concorrente nas eleições. Já o chefe de polícia, Sr. Mauricio, também idoso, tem um semblante sério e muitas vezes parece estar nervoso, o que causa desconforto a quem conversa com ele. Viemos até aqui porque o senhor é um jornalista e historiador respeitado e estamos preocupados com os últimos acontecimentos: primeiro o chafariz, agora o sino do relógio. "Estamos desconfiados do novo morador", disse o prefeito. Dr. Ambrósio nos tranquilizou informando que havia acabado de chegar do casarão onde o Sr. Lucas reside. Fui entrevistá-lo para saber mais sobre o conserto do chafariz. Ele explicou resumidamente como aconteceu e disse que talvez não soubesse nada sobre o sino do relógio, já que passara o dia todo em casa. No entanto, afirmou que investigaria o assunto e solicitaria a ajuda do Sr. Lucas, que é relojoeiro. Todos concordaram e, ao sair, o Sr. Jarbas pediu para ser mantido informado.

Dr. Ambrósio estava contente com todas aquelas novidades. A escassez de assunto estava levando os leitores a perderem o interesse pelo jornal.


Capítulo 09

A câmera 

Dona Flávia chegou em casa, trazendo consigo a alegria de ter passado a tarde inteira assando biscoitos deliciosos, mas também um certo cansaço que vem com a dedicação à culinária. Para completar seu dia de forma ainda mais doce, ela contou com a carona de seu vizinho Carlos, que a deixou na frente de casa, onde estavam sentados seu pai, Márcia e suas queridas amigas, Luísa e Júlia. Quando dona Flávia avistou todas as portas e janelas da casa abertas, sentiu um certo arrepio percorrer sua espinha e imediatamente questionou se algo estava errado. Foi então que Márcia explicou o que havia acontecido: uma nova torta havia sido feita no forno, mas o almoço que havia sido deixado lá dentro acabou queimando enquanto a torta assava, sem que ninguém percebesse, já que o vovô estava no sótão e ela estava no parque com as meninas. Para amenizar o cheiro de queimado, as meninas resolveram deixar todas as portas e janelas abertas e dedicaram-se à tarefa de limpar toda a casa, removendo toda a fuligem e o cheiro desagradável. 

Dona Flávia, já abalada pela possibilidade de um incêndio, fica ainda mais assustada. Mas a ideia de descobrir o culpado pelas tortas a motiva a procurar o vídeo que seu celular havia registrado. "Não sei onde aperta para ver o vídeo, ainda não sei usar estas tecnologias", ela diz, sorrindo envergonhada. Márcia, experiente com aplicativos, pega o celular de Flávia e abre para visualizar o vídeo. Para a surpresa de todos, há dois alertas de movimento na cozinha. Eles assistem o primeiro vídeo assustador: o Sr. Lucas, avô de Flávia, de cueca, fazendo café. Todos caem na gargalhada. Rindo, sr. Lucas percebe que precisa ter mais cuidado com estas tecnologias. Márcia então anuncia: "Vamos ver o segundo vídeo".

Dona Flávia mal pode conter a emoção: "Finalmente, pegamos o responsável pelas tortas." Márcia, cheia de determinação, anuncia: "Vamos começar agora." O vídeo começa a passar, mas, de repente, uma porta se abre e bloqueia a visão da câmera, filmando apenas a porta por todo o tempo, até fechar e mostrar a cozinha toda cheia de fumaça. Sombras são vistas passando pelo reflexo da luz na porta, mas nada mais é visto. Todos ficam frustrados. Sr. Lucas não entende que porta é essa, já que a câmera foi instalada no teto. Determinados a descobrir a verdade, eles seguem para a cozinha, onde uma nova reviravolta surge. Analisando novamente a filmagem pelo celular, eles notam que a porta que bloqueou a câmera é branca, diferente de todas as outras portas da cozinha, que são verdes. "Veja, vovô", exclama Márcia, "a porta vem de cima. Ela cobre o fogão de cima para baixo." Os olhos de todos se voltam para o teto, a única superfície realmente branca em toda a cozinha. 

Para solucionar o mistério, Sr. Lucas decidiu mudar a estratégia. Ele posicionou a câmera ao lado do fogão, apontando para cima, na esperança de capturar qualquer movimento suspeito. Enquanto subia na cadeira, ele percebeu um som oco e ressonante vindo do teto. Intrigado, ele deu pequenas batidas e descobriu um vazio ali dentro. Ele se lembrou do barulho que ouviu no sótão e percebeu que poderia haver uma conexão. Ansioso para desvendar o mistério, ele colocou a câmera no lugar e aguardou. Desta vez, ele estava certo de que não haveria escapatória para o que quer que estivesse acontecendo na cozinha. Agora vamos preparar o jantar.

Após um relaxante banho, Dona Flávia desce para a sala, onde é surpreendida com a especialidade gastronômica preparada por Márcia para o jantar, um prato gastronômico que, segundo ela, nem chefs renomados conseguiam igualar. Ela havia feito uma grande de miojo com manteiga, ovos e cubinhos de bacon. Todos mal podiam esperar pelo jantar para ouvirem as novidades que o Sr. Lucas tinha para contar. Enquanto todos se deliciavam com a comida de Márcia, Sr. Lucas contava sobre os reparos que havia realizado, a chave mestra que encontrou e todos os detalhes das máquinas que finalmente voltaram a funcionar. Ele ainda falou sobre a oficina e a porta com o símbolo da estrela. Incansável, eu procurei aquela estrela azul em cada canto da casa, mas não a encontrei, informou sr. Lucas. De repente, Márcia deu um sorriso misterioso e tirou um colar de dentro da sua camiseta, já preso em seu pescoço. Ela tinha achado a estrela deslumbrante e acabou criando um colar com fios coloridos que encontrou na garagem, colocando a estrela presa embaixo.

Sr. Lucas sorri para si mesmo, reconhecendo a personalidade única de Márcia. "Mas já está tarde", diz Dona Flávia, interrompendo seus pensamentos. "Vamos ver o que há nesta porta amanhã". "Você não vai trabalhar amanhã de manhã?" pergunta Márcia, curiosa. "Não, os biscoitos serão levados para venda e a nova fornada só começa depois do almoço", responde. "Também estou ansiosa para ver o que há por trás da porta da estrela azul", acrescenta Dona Flávia. Luíza e Júlia se despedem e combinam de voltar no dia seguinte. Dona Flávia tranca o sótão, já acostumada com a filha e do pai. "Hoje vamos dormir", diz ela. "Amanhã resolveremos todos os mistérios".


Capítulo 10

A estrela azul

Márcia e seu avô já estavam tomando café da manhã quando dona Flávia acordou. O cheiro de queimado ainda persistia. "Deixamos você dormir um pouco mais hoje. Imaginamos que devia estar bem cansada", disse o sr. Lucas, pensando no dia anterior. Luiza e Julia também estavam à mesa, comendo torta, um dos principais atrativos daquela casa. "Vou terminar meu café e então vamos ao sótão para resolver mais um mistério desta casa maluca", sorriu dona Flávia. Ela nunca imaginou que moraria em uma casa com tantas coisas para descobrir. Ela sentou, comeu rapidamente uma torrada, levantou com a xícara de café nas mãos e seguiu para as escadas. "Vamos", disse ela. "Também estou ansiosa para saber o que há atrás daquela porta." Desta vez, ela não precisou empurrar a estante para o lado. Ela abriu sozinha ao girar a chave. Todos se assustaram um pouco, mas o sr. Lucas tranquilizou-os, informando que provavelmente era por causa dos reparos que ele havia feito no dia anterior.

O sótão agora exibia uma beleza única, com todas as lâmpadas brilhando e iluminando a complexidade das máquinas, mesmo que a sujeira ainda estivesse presente. Dona Flávia já antecipava uma faxina completa no próximo final de semana, mas agora todos estavam ansiosos para desvendar o mistério por trás da porta. "Esta é a porta", disse Sr. Lucas, erguendo Márcia pela cintura para que ela encaixasse a estrela na fechadura. Com um pequeno estalo, a porta se abriu com pequena dificuldade, revelando um quarto escuro e uma escada em caracol que descia possivelmente para o porão. Tateando a parede, eles finalmente encontraram o interruptor e, ao ligar a luz, todos se assustaram quando a lâmpada estourou. "Esta casa está cheia de emoções", riu Sr. Lucas, enquanto pegava uma nova lâmpada na oficina para trocar. Agora, com o quarto iluminado, eles perceberam que a escada descia muito abaixo e, na escuridão, não era possível ver onde terminava.

Os olhos curiosos dos presentes se perderam em cada detalhe daquele quarto. Uma escrivaninha de projetos chamava atenção, com livros dispostos em estantes e diversas fotografias penduradas nas paredes. O brasão antigo na parede central trazia um ar misterioso ao ambiente. Diferente da sala anterior, não havia máquinas espalhadas pelas paredes e teto. Sr. Lucas encontrou um belo relógio de madeira com um lindo carrilhão dourado, do tipo que ele adorava consertar, e sorriu ao imaginar transformar aquele quarto em sua oficina de relógios. Nesse momento, Márcia puxou um rolo de projeto que estava em um gaveteiro e chamou todos para ver. "Olhem só, é o projeto do chafariz", exclamou. Luíza apontou para um símbolo de coração que estava no projeto, enquanto Márcia apontou para outro símbolo. "Será outro buraco de chave? Nunca vi um buraquinho com este símbolo além do coração", questionou Luísa. Dona Flávia pediu calma, enrolou o projeto e o guardou no armário, dizendo: "vamos com calma, um mistério de cada vez".

Márcia admirava cada detalhe das fotos antigas que adornavam a parede do quarto. Era como se elas contassem uma história que ela estava ansiosa para descobrir. Com a empolgação à flor da pele, ela apontou para a foto do casal, presumindo que fossem os donos da casa. "Estes devem ser os donos da casa, o avô e a avó do nosso vizinho lá da cidade, o Sr. Jorge", disse Márcia em tom mais alto, chamando a atenção de todos. Logo abaixo da foto, havia uma plaquinha com letras desgastadas, mas ainda legíveis: "Lorde Davis e Lady Aurora". Dona Flávia se perguntou se seria coincidência o nome da esposa ser o mesmo que a cidade ou se Lorde Davis havia construído a cidade em homenagem à falecida esposa. "Talvez o Dr. Ambrósio possa nos ajudar com esta questão", disse Sr. Lucas, sugerindo que eles consultassem o repórter e historiador local. Ao lado das fotos do casal, havia outras imagens da cidade, incluindo a inauguração do chafariz, da biblioteca, da prefeitura, do porto e até da barbearia do Sr. Thomás, todas com Lorde Davies posando com sua bengala e cartola.

Sr. Lucas coçou o queixo, pensando. Será que a barbearia tinha algum significado secreto para Lorde Davis? Talvez fosse um ponto de encontro para seus amigos ou até mesmo uma sala de reuniões. Luíza, sempre curiosa, pergunta: e esses símbolos nas molduras, o que podem significar? As molduras das fotos eram verdadeiras obras de arte, com detalhes cuidadosamente entalhados em madeira. A estrela no topo e os símbolos ao redor davam um ar majestoso e misterioso àquelas peças. Márcia percebeu algo interessante na moldura da foto do chafariz: vários corações estavam entalhados na madeira. Dona Flávia, por sua vez, não conseguia conter a surpresa diante de todas as descobertas que estavam fazendo. Era como se a cada passo, a cada nova pista, mais mistérios surgissem. Eles poderiam passar anos naquela casa e ainda assim não conseguiriam desvendar todos os segredos que ela guardava.

Enquanto todos conversavam, Sr. Lucas virou-se para a escada, tentando iluminar com a lanterna do celular. Mas a escuridão era tão densa que a luz não conseguia penetrar nem um pouco além da primeira curva. Por um instante, ficou ali, contemplando a espiral de madeira que se perdida nas sombras. Finalmente, resolveu testar a profundidade da escada e jogou um parafuso para ver a profundidade. Após bater em vários degraus, um som surdo ecoou no fundo do poço escuro. "Escutaram isso?", disse ele para as meninas, "parece que tem água lá em baixo". Dona Flávia se sobressaltou, preocupada com a segurança deles. "Por favor, papai", disse ela, "não vamos descer até termos certeza de que é seguro".

Júlia então sugeriu chamar seu pai, que fazia parte da brigada de bombeiros voluntários da cidade e poderia ajudá-los. Sr. Lucas concordou, aliviado por ter encontrado uma solução segura. "Ótima ideia, Júlia", disse ele, "agora podemos resolver isso com tranquilidade. Mas, antes de mais nada, Márcia", acrescentou, dirigindo-se à menina com seriedade, "a escada é perigosa e não é uma aventura, como você gosta. Precisamos ter cuidado e seguir todas as precauções de segurança". Foi então que amarreou uma corda na escada para proteção.

Dona Flávia não conseguia desviar o olhar do magnífico brasão ornamentado. Apesar das repreensões do pai com a neta, que já conhecia a personalidade aventureira da garota, ela nem se virou e continuava completamente hipnotizada pela imagem. O brasão era feito de um dourado reluzente com detalhes em azul, vermelho e branco e possuía uma majestosa coroa no topo. Nele havia um leão, uma cruz, uma harpa e uma flor, além de uma flâmula com palavras escritas em uma língua desconhecida para ela e o desenho de cinco estrelas coloridas abaixo. Luísa, sempre curiosa, notou o fascínio de Dona Flávia pelo brasão e, empurrando a cadeira para o lado, subiu para vê-lo de perto. 

Ao passar a mão pelo brasão em alto relevo, percebeu que havia um recuo na parte onde havia as cinco estrelas, do mesmo tamanho da estrela que encaixaram na porta do sótão. Sr. Lucas não perdeu tempo, retirou a estrela da porta e entregou-a para Luísa, que se sentiu importante ao colocá-la no brasão. Todos escutaram um click de algo destravando, mas nada aconteceu. Ao tentar tirar a estrela, perceberam que ela estava presa e mesmo o Sr. Lucas não conseguiu retirá-la. Dona Flávia decidiu encerrar a exploração do sótão e descer para fazer o almoço. Márcia ficou bastante emburrada com a situação. Ela queria ver mais coisas daquela sala. Mas com o possível perigo da escada, sua mãe resolveu fechar a porta do sótão. Ela entregou a chave ao seu pai que já carregava alguns projetos para analisar com as meninas. 


Capítulo 11 

O jornal de Aurora

Enquanto preparava o almoço, Dona Flávia se pegava pensando em quando a câmera de segurança iria solucionar o mistério sobre quem estava fazendo aquelas tortas. Ela só queria descobrir por questões de segurança, para garantir que ninguém estava invadindo sua casa. Mas, no fim das contas, ela não se importava tanto se continuassem assando as tortas. Enquanto isso, o Sr. Lucas e as meninas analisavam dois projetos que ele havia encontrado no sótão. O primeiro projeto mostrava um chafariz com dois símbolos: um coração e um trevo de quatro folhas. "Vamos procurar essa fechadura depois", disse o Sr. Lucas. O projeto também detalhava a construção e o encanamento. Já o segundo projeto, que chamou muito a atenção de todos, era de um grande relógio em uma torre. Luíza, sempre esperta, apontou imediatamente que era o antigo relógio da torre da prefeitura. Infelizmente, o relógio nunca funcionou desde a inauguração e o prefeito, há muitos anos, colocou outro relógio na frente do antigo, um relógio elétrico para marcar as horas da cidade. O Sr. Lucas ficou triste ao saber disso.

Depois de terminar de preparar o almoço, Dona Flávia separou uma marmita para comer mais tarde. Enquanto se preparava para sair, todos aproveitaram uma refeição rápida antes de irem juntos ao centro da cidade para conversar com o Dr. Ambrósio e tirar algumas dúvidas. As meninas desceram a rua de bicicleta, enquanto Dona Flávia e seu pai foram de carro. Ao chegarem na escola, encontraram uma pequena multidão querendo mais dos seus biscoitos deliciosos. Parecia que seus quitutes estavam fazendo sucesso. Enquanto o Sr. Lucas seguia para o jornal, avistou as meninas dentro do chafariz procurando o buraco da fechadura do trevo de quatro folhas. Ele riu ao ver as pessoas em volta assustadas com as crianças dentro do chafariz. "Isso vai dar problema", imaginou ele. Ao chegar na porta do jornal, encontrou tudo apagado e possivelmente vazio. Ele avistou a lambreta azul do repórter estacionada em frente à barbearia do Sr. Thomás e seguiu em direção a ela.

A barbearia era realmente um ponto de encontro na cidade. Muitas pessoas iam até lá para conversar, trocar informações, escutar boatos e novidades. No fundo da loja, havia uma área para as mulheres, onde imaginou a quantidade de fofocas que eram compartilhadas. Dr. Ambrósio olhou pela vitrine e se levantou, avisando a todos sobre a chegada do homem mais comentado do momento, que acabara de chegar à barbearia. Todos se levantaram para cumprimentar o Sr. Lucas. Mesmo que não fosse mérito dele o conserto do chafariz, seria difícil explicar para todos o que havia acontecido naquela casa. O Sr. Thomás perguntou diretamente ao Sr. Lucas se ele havia consertado o antigo relógio também. Ele ficou mudo, sem saber o que responder. Estava com o projeto do relógio enrolado debaixo do braço, e não havia como alguém já saber daquilo. Dr. Ambrósio percebeu o desconforto e explicou que o Sr. Lucas estava em casa quando o sino do relógio da prefeitura tocou, exatamente às 14 horas.

O horário exato, quatorze horas em ponto, chamou a atenção do Sr. Lucas, que se surpreendeu. Ele se recordou de ter olhado para o seu relógio de pulso na hora em que ligou a chave mestra da casa ao realizar os consertos, um procedimento comum de relojoeiros para calcular possíveis atrasos nos mecanismos. Será que era apenas uma coincidência? Essa ideia inquietante seria discutida mais tarde com o Dr. Ambrósio. O Sr. Thomás, dono da barbearia, ofereceu uma barba gratuita em agradecimento pela ajuda do Sr. Lucas com o chafariz. Essa generosidade refletia o espírito amigável e harmonioso da cidade de Aurora, onde conflitos e desavenças eram raros. Com uma barba bem-feita, o Sr. Lucas e o Dr. Ambrósio seguiram para o jornal, onde discutiriam soluções para os assuntos pendentes, aproveitando a vasta bagagem histórica do jornalista.

No interior do jornal, o Sr. Lucas atualiza o jornalista sobre diversos assuntos abrangendo a sala, projetos, fotos e o brasão. A mente criativa do jornalista fica agitada com a infinidade de assuntos que poderiam ser explorados para o seu jornal. Pouco tempo depois, as meninas chegaram com as roupas levemente molhadas. Entretanto, elas não conseguiram encontrar nada, nem mesmo um pequeno orifício semelhante a uma fechadura. O jornalista pergunta: "Que fechadura?" Sr. Lucas abre o projeto do chafariz e apresenta os desenhos esquemáticos, juntamente com as fechaduras em forma de coração e trevo de quatro folhas. Ele questiona se é possível que o buraco da fechadura tenha sido tapado durante a reforma da praça no passado. Ele se lembra de uma pequena elevação perto do chafariz que foi removida para facilitar a colocação das lajotas do parque. Ele acrescenta que irá falar com o prefeito para tentar obter os projetos da reforma. Dr. Ambrósio, em seguida, pergunta sobre o brasão e solicita uma descrição. Luísa pega o celular e mostra uma foto que ela havia tirado.

"Eu conheço este brasão", afirma o Dr. Ambrósio com convicção. "Existe um brasão pintado na parede da torre do relógio da Prefeitura que é muito semelhante. No entanto, este da foto parece um pouco diferente. Aqui, há apenas uma estrela azul, enquanto na pintura da torre do relógio, o brasão tem cinco estrelas coloridas. Além disso, tenho um livro aqui na minha biblioteca particular que explica ainda mais sobre o brasão", disse ele enquanto se levantava e pegava um livro grande com páginas envelhecidas e cheias de recortes. Ele o colocou na mesa e começou a contar a história fascinante do brasão. A cidade onde vivemos era uma grande fazenda mineiradora de propriedade de Lord Davies, um empresário inglês muito rico que respondia diretamente ao Rei da Inglaterra. Nossas terras são ricas em prata, cobre e zinco. Lord Davies conheceu sua esposa aqui, filha de um dos mineiros, e acabou se casando com ela e herdando o título de Lady Aurora. Lorde Davies era considerado um homem mal, mas sua esposa o mudou para melhor". 

Com o objetivo de ajudar os mineiros ele construiu uma pequena ferrovia, a pedido de Lady Aurora com quem teve dois filhos. Porém, a felicidade do casal foi abalada pela tristeza quando ela partiu prematuramente durante o parto do terceiro filho. Profundamente entristecido, Lorde Davies enviou seus filhos para um internato e fechou as minas, isolando-se em seu casarão. Embora muitos anos de história tenham sido perdidos, sabemos que vários ingleses vieram para a região, incluindo amigos de Lorde Davies. Eles começaram a construir casas que deram origem à cidade que foi batizada com o nome de sua amada esposa. Rumores sugerem que Lorde Davies desenhou e construiu vários prédios da cidade em homenagem a sua esposa. O projeto do chafariz que você me mostrou pode confirmar essa teoria. Quanto às fotos da sala do sótão, por favor, envie-me para que eu possa imprimi-las e incluí-las em meu livro. No entanto, Márcia se perguntava o que o brasão tinha a ver com a história, preferindo mais ações do que palavras para manter o interesse na história.

O brasão é repleto de simbolismos e é composto por quatro distintos emblemas que representam famílias nobres inglesas associadas à indústria, além da coroa real que simboliza a monarquia. O brasão é muito mais do que uma simples decoração. De acordo com antigos relatos, os túneis da mina abaixo da cidade, estavam sendo usados para construir algo grandioso, mas nunca descobri o que poderiam ter feito. Vejam esta flâmula escrito em volta do brasão em uma lingua diferente "Trefn o Bum Seren". Após muitos anos de pesquisa, consegui descobrir que estava em Galês antigo, um tipo de inglês falado pelos antigos celtas. Significa "Ordem das cinco estrelas". Deduzi que seria alguma ordem secreta mas nunca encontrei mais nada a respeito. Luíza, que também era facinada pela história da cidade, pergunta curiosamente: mas eu nunca ouvi falar de construções misteriosas no subsolo de Aurora. Dr. Ambrósio explica que após uma reunião de portas fechadas, há 50 anos, foi decidido esconder esta informação das pessoas para não criar uma busca perigosa por um tesouro que nem exista.

Muitas informações intrigantes foram compartilhadas naquela conversa. Agora, um novo mistério se apresenta, e Sr. Lucas o apresenta segurando o segundo projeto em mãos: o relógio da torre da prefeitura. Ele explica que o sino do relógio soou precisamente às 14 horas, exatamente quando ele acionou uma chave mestra no sótão do casarão. Dr. Ambrósio fica instantaneamente surpreso e se levanta rapidamente da cadeira. Ele pergunta se seria possível fazer um teste agora mesmo, já pensando no pedido feito pelo prefeito há alguns dias. Sr. Lucas não vê problema quanto ao pedido. Ao saírem do jornal, Sr. Lucas vê dona Flávia desfrutando um sorvete na praça e a convida para se juntar a eles na visita ao casarão. No entanto, dona Flávia opta por deixar o passeio para o dia seguinte, pois já estava tarde e ela estava cansada. "Combinado então, eu passo lá amanhã pela manhã", conclui Dr. Ambrósio.


Capítulo 12

Mais um mistério resolvido

Márcia, Luísa e Júlia foram na frente, de bicicleta, enquanto dona Flávia passava no mercadinho para comprar Cachorro quente. Ao chegarem, as meninas estavam paradas em frente do casarão apontando para um das janelas. Júlia mostra para dona Flávia que antes deles se mudarem para o casarão, sempre apareciam luzes como aquelas nas janelas. Sr. Lucas, não perdeu tempo, correu em direção a porta abrindo rapidamente seguido por sua filha e neta, subindo em direção aos quartos. Pôde-se perceber barulho de passos correndo. Dona Flávia gritou: estou armada e nervosa, segurando uma vassoura. Quero saber quem está na minha casa.

Após um breve silencio, uma lanterna acende em um dos quartos e um homem sai de trás da porta. As meninas não perderam tempo e estavam logo atrás quando Júlia grita: Paaaiiii, o que você está fazendo aqui? Após acenderem as luzes era visível a vergonha pelo que estava passando. Me desculpem, eu posso explicar! diz Sr. Carlos. Vamos descer para a sala e vamos conversar, diz dona Flávia com ar de nervosismo e desconfiança. Visivelmente envergonhado e trêmulo, Sr Carlos explica que desde que tinha 12 anos de idade ele entra no casarão em busca do famoso tesouro perdido. A rotina havia virado uma fixação. Ele tinha revirado e olhado todos os cômodos da casa ao longo de mais de 30 anos e queria procurar uma ultima vez, agora que tinham moradores na casa. Disse que ao longo dos anos somente havia encontrado ao que parecia ser um buraco de fechadura no chão da garagem em formato de lua crescente. Mas nunca conseguiu abrir. Sr. Lucas se levanta, abre o armário ao lado da lareira, retira uma chave e mostra ao Sr. Carlos: seria esta chave? 

Sr. Carlos, com muita dificuldade conteve o choro seguido de um visível nervosismo. Ele não acreditava que depois de 30 anos ia conseguir concretizar seu sonho de infância e encontrar o tão sonhado tesouro. Dona Flávia, coloca as mãos sobre seu ombro, deixando ele mais nervoso ainda. Não se preocupe com mais nada. Estamos há duas semanas nesta casa e já tivemos aventuras demais aqui. Nem imagino alguém procurando um tesouro por trinta anos. Uma pergunta apenas: é o sr. que está fazendo as tortas na cozinha? Pela cara de surpresa com a pergunta, ela pôde perceber que não era ele. O mistério ainda seria resolvido. Dona Flávia acrescenta: Nós já encontramos o que acreditamos que seja o tesouro da casa. Os olhos do Sr. Carlos brilhou nesta hora. Venha ver você mesmo. Todos seguem em direção ao sótão enquanto Márcia queria saber o que a fechadura da garagem abria. Ao subir os degraus do sótão, Sr. Carlos se sentiu como o sr. Lucas na primeira vez que esteve ali, em um parque de diversões onde tudo era especial e incrível. 

Sr. Carlos estava sem ar, parado, olhando tudo com muita atenção. Maravilhado em seus próprios pensamentos. Sr. Lucas o interrompe: Júlia me disse que o sr. pertence à brigada do bombeiros da cidade. Ele balança a cabeça confirmando. Veja esta escada em caracol, apontando para a sala no fundo do sótão. Ela está velha e possivelmente enferrujada. Precisamos descobrir onde ela vai. Não encontramos uma forma de acender as luzes. Há também um barulho de água abaixo. Sr Carlos pensa por um momento e propõe o seguinte: em dois dias eu retorno com cordas, tochas químicas e uma super lanterna que vai iluminar tudo e ajudo vocês. Mas peço, por favor, que só abram a fechadura da garagem quando eu retornar pois espero há muito tempo para ver a fechadura ser aberta. Neste momento Márcia se emburra mais ainda. Seu avô percebe o nervosismo da neta e respira fundo.

Sr. Carlos retorna para casa com a filha Júlia, muito envergonhado por seus atos. Luísa dá um sorriso, bate as mãos e diz, mais um mistério resolvido. Agora a gente só precisa descobrir porque o chão de move durante a noite. Dona Flávia e Sr. Lucas olham para a garota de forma assustada e dizem em coro: chão que se move onde? Márcia, já imaginando a fechadura da garagem, dá uma risada com a situação enquanto sua mãe senta, coloca a mão na cabeça e pensa: acredito que nunca teremos uma vida normal neste casarão. 


Capítulo 13

O relógio da torre

Uma nova manhã surgia na cidade de Aurora, marcando a chegada de um novo final de semana e o início do fluxo de turistas que movimentava a economia local. Dona Flávia sabia que dependia desse movimento para sustentar seu emprego e, por isso, saiu cedo de casa para adiantar o preparo de biscoitos e mini tortas doces para a lojinha da escola. Durante o trajeto, ela encontrou o dr. Ambrósio em sua barulhenta lambreta azul, que roncava alto no escapamento. Após um aceno, Dona Flávia seguiu para a escola e, em pouco tempo a lambreta chegava ao casarão. O barulho estrondoso da lambreta ao desligar dispensou a necessidade de tocar a campainha. Sr. Lucas já aguardava o repórter com uma fatia de torta gelada, um dos segredos mais deliciosos da casa.

Após um animado café da manhã, onde foram compartilhados segredos sobre a misteriosa torta de chocolate com morangos, Sr. Lucas conduziu o Dr. Ambrósio ao sótão da casa. Márcia, pouco interessada no assunto dos dois senhores sobre relógios, decidiu sair para se encontrar com suas amigas. Enquanto subiam as escadas, Sr. Lucas revelou a existência de uma passagem secreta para o sótão. A porta, ao se abrir, provocou um pequeno susto no jornalista, mas Sr. Lucas, com um sorriso maroto, acalmou-o: "Segure um pouco o coração, pois lá em cima é cheio de emoções". E, de fato, a visão do sótão era de deixar qualquer um maravilhado, com suas engrenagens e correntes rodando em uma dança mecânica hipnotizante. Ao chegarem na sala ao fundo do sótão, o dr. Ambrósio fica maravilhado com o que vê. Pilhas de projetos, desenhos, esquemas e fotografias preenchem as prateleiras e mesas da sala. Ele fica ali por um tempo, examinando cada detalhe com curiosidade. 

Dr. Ambrósio nota que, ao contrário do salão anterior cheio de máquinas, esta sala parece mais um escritório. Ela explora o espaço, tocando o brasão em metal, examinando as fotografias, abrindo algumas gavetas da escrivaninha e inspecionando alguns dos rolos de projetos. "Com o tempo, gostaria de analisar todos esses projetos com você", comenta ela com Sr. Lucas. Em seguida, eles direcionam sua atenção para a chave mestra. Sr. Lucas aponta para os cataventos que fazem a máquina funcionar e destaca os consertos que ele próprio fez na casa, trocando correntes e lubrificando máquinas. Ele indica um interruptor próximo à escada e sugere: "Vamos fazer um teste para ver se o sino do relógio da praça vai tocar". Dr. Ambrósio tira um celular do bolso e propõe ligar para alguém que possa confirmar o toque do sino. "Conheço a pessoa certa, o Thomás da barbearia é meu amigo de longa data e pode nos ajudar com isso", ela explica. Após ligar e explicar a situação, Sr. Lucas desliga a chave mestra. Neste momento, toda a casa se apaga. Era perceptível o maquinário diminuindo o ritmo e parando aos poucos.

Após um momento de silêncio no sótão, sr. Lucas aciona o interruptor e a casa volta à vida. O som das engrenagens inicialmente é ensurdecedor, mas logo se estabiliza em um ritmo constante. De fato, com o ruído das máquinas, é quase impossível ouvir qualquer coisa vinda de fora. Neste momento, o celular de Dr. Ambrósio toca e Sr. Thomás, no viva voz, mostra o som dos sinos do relógio, que antes estavam mortos, tocando as badaladas das 9 horas. Ele grita empolgado pelo telefone: "Está vivo, está vivo!", fazendo uma alusão clara ao livro Frankenstein e deixando ambos animados. Conseguimos confirmar e resolver parte do problema com o relógio da cidade. Agora precisamos encontrar algo aqui no sótão que possa fazê-lo funcionar corretamente.

Enquanto exploravam o sótão, Dr. Ambrósio e Sr. Lucas se deparam com um mistério: várias luzes acesas em um painel sem qualquer interruptor aparente. "Você encontrou algum painel de controle aqui em cima?", questiona Dr. Ambrósio. Sr. Lucas aponta para o painel de luzes no fundo do salão, explicando que somente uma luz verde acendeu quando o chafariz funcionou. As outras 15 luzes permaneceram apagadas, sem uma explicação clara. Observando ao redor, Dr. Ambrósio aponta para um outro painel no canto da oficina, repleto de interruptores. Sr. Lucas fica surpreso por não ter visto antes, mas logo compreende que pode ter passado despercebido em meio à escuridão. Mesmo com interruptores comuns, não há qualquer identificação que ajude a decifrar o que cada um deles controla.

"Existe apenas uma maneira de descobrir", afirmou Sr. Lucas, desligando uma das chaves. Nada aconteceu ao desligar, mas ao ligar novamente, um barulho alto de algo quebrando ecoou pela casa, assustando ambos. Eles desceram as escadas com cuidado e perceberam que um vaso que estava na estante próxima à lareira havia caído. "Parece coisa de fantasma", afirmou Dr. Ambrósio. Sr. Lucas riu, lembrando do grito assustado de sua filha quando entrou na casa pela primeira vez. "É muito estranho, não há janelas abertas. Quem poderia ter derrubado?", questionou. Enquanto pegavam os cacos do vaso, eles ficaram surpresos ao sentir a lareira vibrando e as paredes próximas também. Sr. Lucas sabia que existiam engrenagens dentro das paredes do sótão, mas nunca imaginou que estivessem por toda a casa. Com sua visão aguçada, fruto de anos de trabalho como repórter, ele percebeu que a água do vaso estava escorrendo para dentro da lareira.

Após uma breve análise, eles perceberam uma grade no chão da lareira para onde deveriam ir as cinzas das madeiras queimadas. Porém, o barulho da água escorrendo indicava que havia mais água abaixo da casa. "Seu porão está inundado?", perguntou ao sr. Lucas. "De forma alguma", respondeu ele. "Eu inclusive consertei todos os canos da casa quando nos mudamos. Não há como eu ter esquecido algum cano vazando". Neste momento, sr. Lucas se lembrou da escola caracol no sótão e da água embaixo e informou que havia pedido ajuda ao Sr. Carlos para ajudar a descobrir mais sobre este poço. "Vamos ver isso em outro momento. Agora vamos ver o relógio na torre da prefeitura, pois estou curioso", concluiu.

Sr. Lucas e Dr. Ambrósio dirigem-se à prefeitura. A barulhenta lambreta azul anunciava a passagem deles na rua, chamando a atenção de todos. Quando chegaram ao destino, o prefeito e o chefe da polícia local já estavam perto da escada. O Sr. Lucas se apresentou para ambos, mas parecia que eles se conheciam há muito tempo, como é típico em cidades pequenas.

"O Sr. Thomás nos ligou para informar que encontraram algo sobre o relógio", informa o prefeito. "Sim, porém ainda não temos certeza, então precisamos subir até o campanário para verificar", disse o Dr. Ambrósio. O prefeito então tira um molho de chaves do bolso e entrega para eles. O Sr. Lucas percebeu que havia várias chaves com formatos diferentes, muitas delas repetidas, no chaveiro. Eles entraram na prefeitura e subiram as escadas até a torre do relógio.

A prefeitura era construída com paredes de madeira marrom trabalhada, transmitindo um conceito de nobreza, e detalhes em cobre, que chamaram a atenção e o interesse do Sr. Lucas. Ele também analisou alguns relógios fixados dentro das paredes. Dr. Ambrósio afirmou que esses relógios também nunca funcionaram. A porta da torre era de ferro, semelhante à porta do escritório do sótão do casarão. A chave era um triângulo, também igual à usada no sótão. As muitas coincidências com o casarão deixaram o Sr. Lucas mais curioso. Os dois senhores já eram idosos e subir tantos degraus os assustou um pouco. Após subir quatro longos e demorados andares, eles chegaram ao local onde ficava o relógio. Foi então que veio a surpresa. Todas as coincidências com o sótão do casarão em relação à porta de ferro, as chaves e o estilo de construção não o prepararam para o que havia imaginado.

Ao olhar para cima, não havia nenhum maquinário ou engrenagens que indicassem que um relógio funcionava na torre. Havia apenas a frente do relógio, com os ponteiros, e, acima dela, três belos sinos trabalhados. Olhando para o lado, Sr. Lucas viu o brasão pintado na parede, conforme descrito pelo Dr. Ambrósio. "Não pode ser só isso, tem que haver algo mais aqui", disse ele, enquanto apalpava e batia nas paredes. Ao chutar o chão, percebeu um espaço oco que criava um pequeno eco de batidas. Batendo o pé e seguindo o espaço vazio pelo barulho, ele chegou perto do relógio. Tocando aos poucos, percebeu um pequeno orifício cheio de poeira acumulada ao longo dos anos. Como sempre carrega, Sr. Lucas tirou seu pequeno estojo de pinças do bolso e, com a ajuda de uma agulha, retirou a poeira e a terra que haviam entrado naquele pequeno orifício, já imaginando que se tratava de uma fechadura.

Passou um bom tempo até que finalmente conseguiram limpar o buraco completamente. Se fosse há alguns anos, teria sido impossível fazer isso sem a ajuda da lanterna de celular ou parafernália moderna, como o sr. Lucas costumava chamar. No entanto, com a ajuda de sua lupa e da lanterna, ele conseguiu enxergar um símbolo em forma de quadrado gravado na superfície, já muito gasta. Imediatamente ele pegou o molho de chaves e começou a procurar pela chave que abriria a fechadura. Infelizmente, apesar de sua busca, não conseguiu encontrar a chave necessária. "Não é possível", ele murmurou, com um ar de aborrecimento.

Sentou-se no chão para refletir sobre seus próximos passos, os dois começaram a discutir sobre o que poderiam fazer em seguida, já que não tinham a chave quadrada. Foi nesse momento que o delegado de polícia, Sr. Maurício, chegou ao local, carregando garrafinhas de água e sanduíches para os dois. Apesar de seu semblante nervoso e mal humorado, o policial mostrou grande delicadeza em suas ações, oferecendo água gelada e mini sanduiches aos dois amigos. Depois de tomar um gole de água, sr. Lucas sentiu um novo ânimo se apoderar dele. 

Entre as diversas chaves iguais, o policial selecionou duas com formato de triângulo. Com destreza e precisão, girou a cabeça de uma delas, encaixou no sulco, deslizou suavemente e encaixou-a na outra, transformando-as em um quadrado perfeito. "Aqui está sua chave quadrada", disse o policial, orgulhoso do seu feito. Para surpresa de ambos, ele disse que esta chave abriu uma porta na delegacia que conduzia a uma misteriosa escadaria em caracol que descia até as profundezas da cidade. O prefeito havia pedido sigilo sobre a descoberta, deixando-os curiosos sobre o que se escondia naquela escada. O policial confessou, entre risos nervosos, que nunca teve coragem de explorar a escuridão abaixo. Enquanto isso, o Sr. Lucas admirava a engenhosidade daquele encaixe de chaves, percebendo que poderia utilizar a mesma estratégia para abrir outras portas e desvendar mais segredos ocultos na cidade.

Sem mais delongas, os dois se levantam e inserem a chave na fechadura. Mesmo após jogar um pouco de óleo, foi necessário empregar alguma força para girar a chave. Um som curioso seguiu-se imediatamente - um ruído de correia passando por trilhos combinado com o som de engrenagens relutantes tentando girar. O sr. Lucas, já familiarizado com o barulho, rapidamente girou a chave novamente para desligá-lo. "Conheço bem esse som de engrenagens precisando de manutenção", observou ele com desdém. Nesse momento, o sr. Mauricio apontou para a parede lateral, seu rosto pálido de terror. Uma porta havia se aberto na parede, revelando um pequeno cômodo escuro com um esqueleto preso na parede. O sr. Lucas levantou-se e foi direto para a porta, segurando a lanterna do celular. Com uma risada alta e arrepiante, ele iluminou o esqueleto, como se fosse um anfitrião fantasmagórico.

Para tranquilizar aos presentes, ele mostra que é um autômato ou um robô. Sr. Lucas informa que no casarão havia um semelhante mas, ao contrário deste, estava incompleto. Os três observavam admirados o autômato diante deles. Seu design era extremamente detalhado, com engrenagens aparentes e pequenas luzes em sua cabeça. Ao olhar pela sala, encontrou um verdadeiro tesouro: as engrenagens do relógio, além de ferramentas, peças de reposição, óleo para lubrificar as rodas e correntes, e tudo o que era necessário para realizar os reparos. Era um ambiente familiar para ele. Diante de tanta beleza técnica, sr. Lucas não conseguiu esconder sua animação e declarou confiante: "Agora eu posso consertar." 

Com um olhar atento, sr. Lucas resolveu examinar cuidadosamente o autômato. Seus olhos experientes se fixaram nas engrenagens meticulosamente dispostas e nos componentes do robô. Sr. Lucas notou algo intrigante: as engrenagens nas costas do robô estavam perfeitamente conectadas às engrenagens do relógio. Era como se o autômato fosse parte integrante do mecanismo do relógio. Mas a pergunta mais importante ainda permanecia: quem havia criado aquele autômato extraordinário? E por que ele estava preso na parede, conectado ao relógio? A resposta ainda era um mistério, mas sr. Lucas estava determinado a descobrir o segredo por trás dessa maravilha da engenharia.

Vamos descer e avisar ao prefeito sobre nossa descoberta. O delegado sugere que o almoço será por conta da prefeitura, imaginando um belo banquete no restaurante do porto. Sr. Lucas pede para ficar com as chaves da torre, antecipando que gostaria de retornar ao relógio e tentar consertá-lo, além de evitar curiosos. Subir quatro andares já era difícil mas, descer com os joelhos enferrujados seria ainda pior. Ao chegarem lá embaixo, avistam outra porta aberta na parede, muito semelhante àquela que abriram no topo. Ao se aproximarem, percebem que é uma pequena sala vazia, com paredes metálicas e nada mais. Usando novamente o celular para iluminar o ambiente, sr. Lucas levanta os braços e comemora com um pequeno grito. "Isso, meus amigos, é um pequeno elevador de carga. É o que vai me ajudar a subir e descer a torre todos os dias para consertar e fazer a manutenção do relógio."

Só há uma coisa que está me deixando sem entender - diz sr. Lucas - Por que haveria um interruptor no casarão para badalar os sinos se todo o maquinário do relógio está aqui na prefeitura? Após um breve silêncio, Sr. Maurício diz: Creio que posso solucionar este enigma. Os dois ficam atentos à explicação. Antigamente, era muito comum que as casas em locais mais altos da cidade tivessem sinos para avisar sobre possíveis invasores. Acontecia de muitos piratas chegarem pelo porto para assaltar o vilarejo. Possivelmente o dono do casarão resolveu ligar este interruptor, que vocês mencionaram, com o sino da prefeitura para avisar com mais rapidez. Os dois balançam a cabeça entendendo a situação. Neste momento, Sr. Lucas percebe que sua teoria de que aqueles interruptores estivessem conectados à cidade pode ser um grande equívoco. Ao retornar ao casarão, ele iria testar todos os botões cuidadosamente.


Capítulo 14

De volta ao casarão - breve prelúdio

Dona Flávia conseguiu uma carona com uma amiga e chegou tarde ao casarão, exausta depois de várias fornadas de biscoitos e tortas. Ela encontrou todas as luzes apagadas e se perguntou onde estavam todos. Ao entrar, foi para a cozinha e preparou um lanche rápido, notando a ausência da misteriosa torta no balcão. Ela se questionou se a câmera de segurança teria assustado o responsável pelo sumiço da sobremesa. Enquanto comia um sanduíche e tomava refrigerante, Flávia notou cacos de um vaso quebrado próximo à lareira e se perguntou o que poderia ter acontecido. Embora o casarão estivesse silencioso, Flávia pôde ouvir um leve rangido vindo das engrenagens do sótão, ao subir para o segundo andar. Decidindo tomar um banho e esperar pelos outros para saber das novidades.

A comunidade inteira sabia que o casarão era o ponto de encontro das crianças do bairro. Sentadas na calçada, elas aguardavam ansiosas por qualquer novidade. E hoje não seria diferente. As amigas Márcia, Luíza e Júlia chegaram pedalando suas bicicletas, após uma tarde divertida no porto da cidade. Acenos e sorrisos de boas-vindas foram trocados entre elas e os pequenos moradores da região. As meninas estavam em alta, atraindo a atenção de todos com suas histórias de fantasmas e segredos do casarão. O conserto do chafariz e o badalar dos sinos do relógio pareciam ter mudado a vida inteira da cidade, e a chegada da família de Márcia só acrescentou mais agitação ao local. De repente, um estrondo barulhento cortou o silêncio da noite, deixando muitas crianças assustadas e outras rindo da situação. Enquanto isso, o Dr. Ambrósio chegava em sua lambreta, trazendo o Sr. Lucas na garupa. Ao olhar para o casarão, notou a luz acesa no quarto da filha e decidiu deixá-los para trás, entrando em casa para um merecido banho relaxante.

Dona Flávia estava tranquila assistindo TV na sala quando seu pai entrou pela porta. "Onde está a Márcia?" perguntou ela, claramente ansiosa para ver sua filha. "Está lá fora brincando com as crianças", respondeu o sr. Lucas, enquanto procurava pelo doce aroma da famosa torta misteriosa que já não estava mais presente. "Parece que a câmera afugentou nosso misterioso fazedor de tortas. Que pena, eu estava realmente começando a gostar daquela torta", disse ele com um lamento em sua voz. Sentou-se à mesa, pegando os mini sanduíches de pasta de amendoim que estavam dispostos ali, e começou a contar as últimas novidades sobre o relógio, o quadro de chaves do sótão e a chave que, misteriosamente, se juntou a outras para criar uma nova. Dona Flávia estava exausta, quase adormecendo. Ela se levantou, foi até a porta e gritou para Márcia voltar, já que estava ficando tarde. Márcia apareceu um pouco depois, cansada, mas radiante com as aventuras do dia. Todos estavam exaustos, mas felizes pelo que havia transcorrido.

Dona Flávia, cansada após um longo dia, se senta na poltrona e respira fundo. Ela observa Márcia, cheia de energia, correndo para o banheiro, animada com as novidades que o próximo dia traria. Dona Flávia não podia negar que também estava ansiosa. O sr. Carlos iria checar a escada do sótão e abrir a passagem secreta da garagem. Ela fecha os olhos e sorri, imaginando as possibilidades que aquele espaço escondido poderia revelar. No entanto, seus pensamentos são interrompidos quando ela lembra das luzes que não estavam funcionando. Ela se vira para o pai e o avisa sobre o problema. 

Márcia, pronta para dormir, coloca alguns mini sanduíches no bolso, pronta para acordar cedo e descobrir as surpresas que o próximo dia aguardava. O casarão ficou silencioso, mas a mente de todos estava cheia de expectativa pelo que o futuro lhes reservava.

Capítulo 15

Novo porão

O sol da manhã brilhava no horizonte e as cores do céu eram um convite para um novo dia de descobertas. Márcia, ansiosa pelo que estava por vir, devorou o último pedaço da deliciosa torta gelada que guardava na geladeira. A jovem sentiu falta do misterioso fazedor de tortas, mas não podia deixar que isso afetasse sua animação. Enquanto isso, sr. Lucas saiu para a varanda com sua caneca de café quente para observar o movimento da rua. No entanto, foi surpreendido pelo sr. Carlos e seu amigo bombeiro, o Horácio, que já o aguardavam sentados na escada. Os homens estavam carregando diversos equipamentos, como cordas, lanternas e cilindros de ar, e sr. Lucas percebeu que eles estavam preparados para qualquer desafio. "Bom dia, amigos. Entrem e vamos tomar um café antes de começarmos", convidou sr. Lucas. A ansiedade era palpável no ar, especialmente no rosto do sr. Carlos, que finalmente realizaria o sonho de infância que guardava por mais de trinta anos.

Com a expectativa palpável no ar, o Sr. Carlos recusou o café oferecido por Sr. Lucas e se adiantou para a porta da garagem. Sr. Lucas, por sua vez, pegou as chaves selecionando a que tinha um desenho de uma lua crescente. Ao entrar na garagem, notou a falta de luz e logo Dona Flávia informou que diversos cômodos da casa também estavam às escuras. No entanto, nada disso importava naquele momento. Horácio prontamente pegou uma lanterna potente, e todos ajudaram a abrir as portas da garagem para deixar a claridade entrar. Carlos afastou as rodas de ferro que havia colocado em cima da fechadura para manter o segredo guardado ali. Como sempre, Sr. Lucas pegou de seu estojo uma pinça e uma escovinha para remover a sujeira acumulada nos mecanismos da fechadura ao longo dos anos. Finalmente, ele entregou a chave ao seu dono. Sr. Carlos olhou para ela por um breve momento. Ele havia tentado abri-la por décadas. Com mãos trêmulas, encaixou a chave na fechadura e girou, produzindo o som das engrenagens que parecia ecoar por um grande porão.

Com as mãos trêmulas e a respiração ofegante, ele se aproximou do alçapão, sabendo que aquele momento poderia mudar tudo. Ao puxá-lo, um cheiro forte de mofo invadiu o ambiente, causando um arrepio em sua espinha. Felizmente, as portas da garagem estavam abertas, permitindo que o ar fresco entrasse e aliviasse um pouco a sensação sufocante. Apontando a lanterna para a escada que dava para uma grade de metal, percebeu que o chão estava completamente inundado, com mais de dois palmos de água subindo até o segundo degrau. 

Apesar da situação, sua experiência como bombeiro o preparou para lidar com essas situações e, rapidamente, retirou um macacão impermeável da bolsa para se proteger. Desceu a escada escorregadia e chegou ao portão, que empurrou com paciência até que deslizasse e se abrisse por completo. Com a lanterna super potente, iluminou todo aquele novo espaço, que era tão misterioso quanto intrigante. Todos estavam curiosos e ansiosos para explorar, mas Márcia, sem se importar com a água, tentou descer a escada e foi impedida por Dona Flávia, que alertou sobre os perigos daquele ambiente úmido e desconhecido.

"Vocês não vão acreditar!" - ecoou a frase vinda de dentro do novo espaço no casarão. "É enorme aqui dentro!" - exclamou Sr. Carlos, que desapareceu na escuridão por algum tempo antes de retornar. Consegui gravar algumas coisas com o celular, mas acredito que há muito mais para descobrir. No entanto, há alguns problemas a enfrentar, como a falta de iluminação adequada, alagamentos e a presença de ratos. Sentado no chão da garagem, ele compartilhou o vídeo que havia gravado lá embaixo. Mesmo com o uso de uma lanterna potente, a filmagem estava um pouco escura. Enquanto Sr. Lucas observava as paredes, que apresentavam engrenagens similares às do sótão, Dona Flávia focou nos ratos presentes no local. Em contrapartida, Márcia pediu para pausar o vídeo para analisar um detalhe ao apontar para o que parecia ser uma construção em forma de caixa. Depois de um breve intervalo, Carlos olhou para todos antes de continuar o vídeo e declarou: "Foi isso que me deixou surpreso e assustado". Então, ao prosseguir com a reprodução, todos puderam ver uma enorme locomotiva a vapor, com dois vagões intactos sob trilhos.

Satisfeito com tudo o que estava acontecendo naquele momento, após 30 anos imaginando possibilidades e tesouros escondidos, era evidente a felicidade que emanava do Sr. Carlos. Dona Flávia, preocupada com a presença de ratos, disse: "Vamos manter isso fechado por enquanto", enquanto fechava o alçapão da garagem. Márcia, também não gostando de ratos, concordou prontamente com a mãe. "Agora vamos subir para o sótão e verificar aquela escada. Eu suspeito que ela se conecta com o alçapão da garagem", acrescentou.

Como era de se esperar, Horácio, amigo de Carlos, ficou parado, assustado e maravilhado com aquele sótão. As paredes pareciam ter vida própria, com correntes e correias que saíam por frestas no telhado, movendo tudo ao seu redor. "Vamos dar um tempo para que ele se acostume", disse Sr. Carlos, enquanto se dirigia para o fundo do sótão com cordas, alguns equipamentos tecnológicos e cilindros de oxigênio.

"Mas para que serve tudo isso?", perguntou Sr. Lucas, curioso.

Carlos explicou que da última vez que esteve lá, sentiu um leve cheiro de mercaptana, um composto de enxofre adicionado ao gás para detectar possíveis vazamentos. No entanto, ele não sentiu esse cheiro no porão da garagem. Para investigar mais a fundo, ele pegou um pequeno cilindro com botões e amarrou-o junto com a lanterna a uma corda fina para facilitar a descida até o final da escada.

Enquanto o sensor descia, ele apitava, demonstrando preocupação a cada sinal sonoro. Quando Carlos trouxe o sensor de volta, ele confirmou que havia um bolsão de gás no local. "Temos que descobrir onde fica o disjuntor geral do casarão e desligar tudo. Uma pequena faísca pode causar um desastre", alertou Carlos.

Sr. Lucas apontou para a chave próximo da escada que ia para o telhado e disse: "Acredito que este seja o disjuntor mestre". Carlos pediu ajuda a Horácio, dizendo: "Você é o técnico aqui, me ajude a confirmar essa informação".

Após uma breve análise, Horácio descobre que é o disjuntor principal da mansão, mas que foi modificado pelo antigo dono. "O que você quer dizer?" pergunta o Sr. Lucas. Horácio explica que há um fio extra que possivelmente não só desliga tudo dentro da casa, mas também desabilita todo o interruptor principal, forçando a reabilitação de cada interruptor individualmente após a reconexão. Neste momento, o Sr. Lucas percebe que várias luzes da casa apresentaram problemas logo após ele desligar o disjuntor pela segunda vez, na presença do Dr. Ambrosio. Carlos senta no sofá e diz: "Aqui está o que faremos: todos devem permanecer do lado de fora da casa. Vou trazer os ventiladores de exaustão e o caminhão de bombeiros. Vou desligar o disjuntor principal e vamos ventilar o bolsão de gás. Meu medo é que, se descermos pela escada de ferro, uma faísca possa derrubar tudo."

Algum tempo depois, uma cena digna de circo se desenrolava em frente ao casarão. Um carro dos bombeiros, acompanhado pela polícia e uma ambulância do posto de saúde, gerava uma movimentação diferente que chamou a atenção de toda a cidade. Comerciantes, moradores, turistas e até mesmo o prefeito estavam curiosos para saber o que estava acontecendo. Sr. Thomás se aproximou de Sr. Lucas e o parabenizou, deixando-o confuso. O Sr. Thomás explicou que a família de Lucas acabou trazendo animação para a cidade, soltando uma risada. Era exatamente o que a cidade precisava. Agora, teriam assunto para conversar na barbearia até o ano que vem. Enquanto os bombeiros entravam na casa, foram instruídos pelo prefeito e pelo chefe de polícia a não fotografar nada dentro da casa para evitar curiosos indesejados em Aurora. O prefeito foi especialmente enfático nesse ponto.

Após a rápida operação de ventilação, em menos de duas horas os níveis de gás estavam aceitáveis. Dr. Ambrósio recomendou a todos que comprassem o jornal da semana para se manterem informados sobre todas as novidades não divulgadas. Os bombeiros foram dispensados e a família pôde finalmente retornar ao casarão. O movimento na frente da casa durou um pouco mais. Dona Flávia queria preparar o almoço, mas se lembrou que ainda estava sem luz. 

Sr. Carlos convidou todos para almoçarem com sua família, incluindo Júlia, que era considerada parte da família por ser amiga de sua filha desde o nascimento. "Vamos deixar o casarão respirar um pouco enquanto almoçamos", informou sr. Carlos. Ele ainda pediu que o Sr. Maurício, chefe de polícia, ficasse de guarda para evitar a entrada de curiosos na propriedade. Enquanto Suzana, esposa de Carlos, preparava uma marmita para o policial, dona Flávia, apreensiva, já perguntava como resolveriam o problema dos ratos que ele havia visto no porão. Sr. Lucas bateu no ombro de sua filha e disse: "Vamos com calma, um problema de cada vez."


Capítulo 16

A escada Caracol 

Após o almoço, um breve descanso era necessário e Carlos, Suzana, Lucas e Flávia decidiram passá-lo juntos. Sentados em poltronas na varanda, admiravam a imponente construção do casarão à frente, enquanto saboreavam deliciosos biscoitos comprados na lojinha da escola.

A casa onde moravam pertencia ao pai de Carlos e sempre atraiu a atenção dos vizinhos. Comentários sobre o casarão assombrado eram comuns, mas Suzana revelou que a construção era bonita e fazia parte da história dos fundadores da cidade. Há alguns anos, cogitou-se demolir o casarão, porém a sociedade histórica da cidade impediu essa ação, reconhecendo a importância do edifício para a história local.

Após uma breve pausa para a digestão, Carlos se levanta animado e declara: "Não sei quanto a vocês, mas minha curiosidade está a mil. Eu quero ver o que encontraremos naquela escada". Márcia, que estava brincando com as meninas na frente da casa, notou a movimentação e chamou suas amigas para explorarem juntas o sótão do casarão. O Sr. Maurício, que estava vigiando a entrada, pediu para acompanhá-los. Desde a infância, todos naquela cidade ansiavam por entrar naquela casa assombrada, e esta era uma oportunidade que Maurício não podia deixar passar. Exceto por Suzana, que preferia cuidar dos afazeres domésticos, todos entraram no casarão e subiram direto para o terceiro andar.

Como de costume, era necessário dar um tempo para que as visitas que nunca tinham ido ao sótão se acostumassem com o ambiente. O maquinário nas paredes, mesmo desligado, assustava bastante. Sr. Maurício comentou que parecia estar dentro de um moedor de carne. "Venha, Márcia, você terá a honra de ligar o botão da chave mestra", chamou o avô. E, então, a casa ganhou vida novamente. O barulho inicial das engrenagens começou alto e foi diminuindo enquanto as engrenagens se ajustavam. "Viu? Eu disse que era como um moedor de carne", comentou Maurício, limpando o suor da testa. O homem grande e imponente, com cara de bravo, parecia visivelmente assustado. Carlos deu um tapinha nas costas de Maurício e perguntou: "Você está com medo?". Ele se ergueu e informou que era um homem da lei e nunca ficava nervoso. Sr. Lucas conseguiu esconder um riso a tempo.

Aqui está a escada. Carlos pegou o sensor de gás e fez um teste antes de descer, com receio de algum vazamento que pudesse trazer problemas, mas não houve nenhum sinal de anormalidade nos níveis de ar. Vestindo um macacão à prova d'água, ele fixou uma corda de rapel no gancho da cintura, pegou a lanterna e desceu a escada bem devagar. O receio era justificado, já que se tratava de uma escada de ferro com mais de 100 anos, que poderia estar enferrujada. Enquanto Lucas e Maurício seguravam a corda, Carlos verificava a estabilidade de cada degrau antes de dar o próximo passo. Apesar da lanterna ser potente, a visibilidade à frente era limitada. Para sua surpresa, nenhum dos degraus estava enferrujado, apesar de toda a água e umidade que vinham de baixo. Ele já podia ver o fundo e o reflexo da luz da lanterna na água.

"Cheguei ao fundo!", exclama Carlos, enquanto sua voz ecoa pelos cantos empoeirados daquela sala abandonada. Após explorá-la por algum tempo, ele se dá conta de que precisa de três lâmpadas de bocal para iluminar o espaço e continuar com as investigações. Sr. Lucas, prontamente, se oferece para buscar as lâmpadas na oficina no fundo do sótão. Após uma rápida busca, ele encontra duas unidades e as coloca em um saco plástico, amarrando-o com um barbante antes de descer lentamente pela lateral da escada e alertar que só encontrou duas. Algum tempo depois, a sala é iluminada com um pequeno show de luzes que refletem na água embaixo da escada. Pouco tempo depois, Carlos retorna com novidades.

Márcia foi a primeira a falar: "E então, encontrou o tesouro?". Carlos respondeu: "Esta casa é cheia de mistérios, mas infelizmente ainda não encontrei nenhum tesouro. Lá em baixo, encontrei uma espécie de casa de máquinas, com várias engrenagens e maquinários antigos, incluindo uma bomba de drenagem movida a gás, que explica a presença do bolsão de gás. Há também uma bomba de ar antiga ligada a uma parede, que pode ter sido usada na mina de cobre e prata que existia nesta região. E ao lado, há uma grande porta de ferro com várias fechaduras e cadeados." Márcia arregala os olhos e exclama: "A porta deve esconder nosso tesouro!" Sr. Maurício coça a cabeça e pensa: "Eu já vi essa escada antes na delegacia. Será que há um tesouro escondido lá também?"

Carlos mostrou a foto da imponente porta de ferro com adornos intrincados de peixes e o tridente de Netuno no centro. Ao redor da porta havia 18 fechaduras diferentes. "O que quer que esteja atrás dessa porta, deve ser muito valioso", comentou Maurício. Flávia brincou com Carlos: "Ao menos não encontrou nenhum rato gigante lá embaixo, não é mesmo?", enquanto balançava a cabeça em sinal de alívio. 

Carlos responde a Flávia com um aceno negativo de cabeça e um sorriso, mas sua mente ainda estava fixada na porta. Ele não conseguia deixar de pensar no que poderia estar escondido atrás de tantas fechaduras. "Eu não sei vocês, mas eu adoro um mistério", diz ele, quebrando o silêncio que se instalara. "Eu concordo", responde Márcia, "mas precisamos ser cuidadosos. Não sabemos o que podemos encontrar." Sr. Lucas assente, acrescentando: "Também precisamos pensar em como vamos abrir todas essas fechaduras. Não podemos simplesmente arrombar a porta." A conversa segue por mais alguns minutos, enquanto eles debatem ideias e possibilidades sobre o tesouro que poderiam encontrar atrás daquela porta.


Capítulo 17

Interruptores

Enquanto os adultos conversavam, Márcia e suas amigas foram em direção a uma caixa repleta de interruptores no canto direito da oficina. Seus dedos estavam coçando, querendo saber o que cada um daqueles botões fazia. Márcia já sabia que a chave de cima acionava o sino do relógio da torre no centro da praça, mas o que dizer das outras 87 chaves na caixa na parede? Ela e Luiza, a mais inteligente da turma, examinaram cuidadosamente a caixa.

"Essas marcadas em verde devem ser as chaves da casa", apontou Luiza. "São chaves de 15, 20 e 40 que geralmente controlam as luzes, tomadas e chuveiro. Apenas quatro estão ligadas. Se alguma parte da casa estiver sem luz, com certeza esse é o problema", afirmou Luiza. "Mas essas de 70, 120 e 150 eu nunca vi antes."

Sem pensar duas vezes, Márcia ligou as chaves que Luiza havia indicado como sendo as residenciais na caixa elétrica. Imediatamente, ruídos altos de engrenagens ecoaram pelo sótão. Dona Flávia se assustou, Sr. Lucas se levantou para investigar a fonte do barulho, enquanto Carlos apenas observava e o Sr. Maurício se escondeu embaixo da mesa, gritando: "É um moedor de carne mesmo!"

Depois de um curto período, todas as luzes se acenderam, deixando o ambiente mais iluminado. Dona Flávia apareceu atrás das garotas, com os braços cruzados, bufando e falando nervosamente com Márcia: "O que você pensa que está fazendo mocinha?"

Com os olhos arregalados de espanto, Márcia se depara com a figura de sua mãe. Júlia, a mais jovem do grupo, desliza furtivamente ao lado de Flávia e corre para os braços do pai. Felizmente, Luísa assume a posição de salvadora ao informar que Márcia havia apenas ligado os interruptores da casa, e agora todas as luzes brilhavam alegremente. No entanto, Dona Flávia ainda estava visivelmente nervosa e apontou o dedo acusatório para Márcia. "Filha, nem tudo é uma aventura. Você já imaginou que poderia ter causado um curto-circuito ao mexer nas chaves e se machucado? Observe como a instalação elétrica é antiga!", falou com tom áspero para a filha. Márcia encolheu-se e abaixou a cabeça enquanto ouvia o sermão da mãe, enquanto Luísa permaneceu em silêncio. Em seguida, Sr. Lucas chegou com sua voz tranquila, tentando dissipar o clima de tensão.

"Que bom que nada de ruim aconteceu," afirmou o sr. Lucas tranquilizando sua filha, e em seguida olhou para Márcia e disse: "caixa de eletricidade não é um brinquedo, entendeu?" As duas amigas assentiram com a cabeça em concordância. Carlos chegou logo depois, tentando dissipar a atmosfera tensa. "Antes de testarmos esses botões novamente, vou chamar o Horácio para analisar e verificar se há possíveis falhas na instalação," declarou.

Com todas as luzes do sótão acesas, puderam apreciar a beleza daquele maquinário funcionando com ainda mais clareza. O painel de luzes à frente estava ligado, dando um toque de elegância àquela atmosfera. Sr. Maurício, um pouco constrangido e sem jeito, saiu de debaixo da mesa. Ao ver aquela cena, os ânimos se acalmaram e a tensão se dissipou. No entanto, ao olharem para a sala, Maurício parecia paralisado, olhando fixamente para a parede lateral enquanto se afastava lentamente. Lucas e Carlos se dirigiram à sala e viram uma abertura que levava a outro cômodo, da mesma forma que havia ocorrido na torre da prefeitura. Com a lanterna do celular, Lucas iluminou o ambiente até encontrar o interruptor de luz, iluminando o local por completo.

A sala recém-descoberta deixou todos boquiabertos, afinal, era uma réplica daquela encontrada na torre da prefeitura, com direito a um autômato preso na parede. "O que será que Lorde Davies estava planejando que precisava de tantos segredos e passagens secretas?" questionou Sr. Maurício, intrigado. "Eu quero a ajuda de todos para desvendar o mistério da escada em caracol que encontrei na delegacia", disse ele. Carlos, surpreso, perguntou: "existe outra escada?".

"Sim, e precisamos descobrir para onde ela leva", responde sr. Maurício. "O que será que Lorde Davies inventou que precisasse de tantos segredos e passagens secretas?"

Sr. Lucas sugere: "Eu acredito que existam várias escadas semelhantes por toda a cidade. Inclusive, o mapa iluminado que encontramos no chafariz indica a existência de engrenagens em vários pontos. Teremos que investigá-los um por um." 

De repente, um aroma tentador de chocolate se espalhou pelo ar, interrompendo a conversa do grupo e pegando todos de surpresa. "Que aroma delicioso!" exclamou Júlia. O cheiro era tão forte que permeava todos os cantos da casa, misturando-se ao leve cheiro de graxa que ainda pairava no sótão. "Mãe, onde está o seu celular?" gritou Márcia. Dona Flávia procurou nos bolsos, mas não estava lá. "Deve estar na minha bolsa", apontou Luísa para a bolsa em cima da mesa. Márcia correu para pegar o celular, que vibrava e emitia sons. Ao abrirem o aplicativo da câmera da cozinha, ficaram chocados com a cena inacreditável que se desenrolou diante de seus olhos.


Capitulo 18

O mistério da torta

Já se passaram alguns meses desde o agito e as descobertas no casarão. As aulas haviam retomado, e Luiza, Márcia e Júlia se tornaram as queridinhas da escola. Sempre juntas, muitas crianças seguiam as três em busca de aventuras e histórias para contar. O Sr. Lucas transformou o sótão em sua oficina de relógios, e a engenharia de suas máquinas em pleno funcionamento atraiu muitos curiosos e clientes para o casarão. Até Dona Flávia arranjou outro emprego, além de cozinhar para a escola.

Dona Flávia tomou a decisão de transformar a garagem do casarão em uma loja de tortas. Depois de meses de planejamento e construção meticulosa, ela investiu seu amor e atenção em cada detalhe. A loja de tortas de Dona Flávia logo se tornou um sucesso na cidade, atraindo visitantes de longe para experimentar suas deliciosas tortas de maçã, chocolate e morango. Seus clientes não apenas amavam a textura macia e o sabor único de suas tortas, mas também apreciavam a qualidade superior dos ingredientes frescos que ela usava. O sucesso da loja também se devia à grande vitrine que ela instalou na janela da cozinha, exibindo as tortas maravilhosamente sendo elaboradas e atraindo ainda mais fãs.

À primeira vista, a cozinha parecia ser apenas uma cozinha antiga e comum, típica dos casarões antigos. No entanto, repentinamente, o teto se abria, revelando uma parede mecânica que descia com um robô preso a ela. Vários braços mecânicos se desacoplavam da parede, cada um segurando um utensílio doméstico em vez de uma mão. Havia uma batedeira, um rolo, uma espátula, uma faca, um pincel e um amassador, todos funcionando com uma incrível sintonia. A parede movia-se para frente e para trás, enquanto o robô ia pegando os ingredientes, misturando e amassando com precisão.

Aquilo parecia um balé sincronizado e hipnotizante. O robô habilmente pegava a tigela, acrescentava farinha, açúcar e manteiga. Em seguida, um braço com pequenos círculos nas pontas misturava os ingredientes até formar migalhas perfeitamente uniformes. Em um movimento fluido, um pequeno tubo descia e molhava a massa, enquanto outro braço continuava a misturá-la. Enquanto isso, outros braços quebravam ovos e untavam a forma, em uma coreografia perfeita. O fogão parecia ter vida própria e funcionava sem intervenção humana. Em pouco tempo, as tortas estavam prontas para serem servidas. É claro que, de vez em quando, pequenos acidentes ocorriam, como ovos e farinha caindo no chão, mas Dona Flávia não se importava de limpar. Quando muitos clientes se reuniam para assistir à preparação, Sr. Lucas ligava a chave no sótão para que o espetáculo pudesse acontecer.

Com o tempo, a loja de tortas se tornou um ponto de encontro querido por amigos e famílias, um lugar onde todos podiam saborear uma fatia de torta e ter uma boa conversa. Dona Flávia sentia-se realizada por trazer felicidade e doçura à vida de seus clientes. Com o sucesso do negócio, ela decidiu trazer o Sr. Jorge, proprietário do casarão e amigo da família, para morar com eles. A presença do Sr. Jorge acrescentou mais alegria à casa, e ele adorava ajudar no atendimento dos clientes e experimentar novas receitas com Dona Flávia. Juntos, eles criaram um ambiente ainda mais acolhedor e familiar na loja de tortas.

Anteriormente, o turismo em Aurora era limitado apenas às férias. Mas com a inauguração da Loja de Maravilhas da Flávia, muitos turistas começaram a visitar a cidade especialmente para saborear suas deliciosas tortas e tirar fotos do robô que as preparava. A loja de Dona Flávia trouxe uma nova vida ao comércio local, trazendo satisfação tanto para sua família quanto para os comerciantes da cidade. O turismo agora se expandia além das férias, impulsionando a economia da região e tornando Aurora um destino mais conhecido e apreciado.


Capítulo 19

Novos mistérios

Aurora era uma cidade cheia de enigmas e mistérios, que intrigavam não só os moradores locais, mas também visitantes curiosos. A Equipe Eurora, formada por Sr. Lucas, Maurício e Carlos, decidiu se aventurar em busca das máquinas de Lorde Davies, que se acreditava estar espalhadas por toda a cidade. Além da misteriosa escada em caracol do casarão, havia três outras escadas e diversas fechaduras escondidas que precisavam ser encontradas. Alguns diziam que havia um monstro que aparecia no porto há mais de 100 anos, enquanto outros buscavam pelas chaves espalhadas pela cidade de acordo com um mapa antigo. Tudo isso tornava Aurora um lugar fascinante e cheio de histórias a serem desvendadas.

Durante o dia, os sinos do relógio da torre da prefeitura anunciavam as horas aos comerciantes e moradores da cidade. O prefeito havia decidido substituir o relógio elétrico que ficava na frente do antigo relógio por um novo modelo, que agora, ao pôr do sol, refletia os raios solares pelos vitrais e iluminava toda a cidade com cores vibrantes e alegres. De forma curiosa, um dos reflexos era direcionado exatamente para a janela do sótão do casarão, criando um efeito mágico que encantava quem observava.

O chafariz da cidade precisou ser desligado por um tempo, uma vez que a água que escoava estava causando inundações subterrâneas pela cidade. Isso se tornou mais uma tarefa para a Equipe Aurora, que após solucionar o problema, descobriu um enorme túnel na frente da locomotiva do casarão, que prontamente resolveram investigar. A cidade de Aurora estava sempre cheia de aventuras e surpresas, e enquanto o Dr. Ambrósio pensava em escrever um livro, o prefeito Jarbas já planejava como todas essas descobertas poderiam impulsionar ainda mais o turismo da cidade, que era a principal fonte de renda de Aurora.

Ao final de mais um dia, Dona Flávia se sentiu exausta e sentou-se nos degraus da varanda do casarão, ao lado de seu pai, Sr. Lucas. Pouco depois, Márcia, Júlia e Luísa chegaram e se juntaram a eles. Enquanto conversavam sobre novidades e descobertas, Júlia ficou subitamente em silêncio e olhou fixamente para a frente, completamente concentrada. "Acho que estou ficando louca!" exclamou ela, com um tom de nervosismo na voz. Todos pararam de falar e olharam para ela. "Não façam movimentos bruscos e olhem para o mesmo lugar que eu estou olhando", instruiu Júlia.

Todos se viraram lentamente para onde Júlia estava olhando. Era uma visão estranha para todos, exceto Márcia, que já havia visto aquilo antes. Um tipo de tubo com uma lente em cima, parecido com um periscópio, estava apontado para a família. Sr. Lucas se levantou instintivamente e se aproximou do objeto, mas ele retraiu e desapareceu na grama, sem deixar rastros. Ele voltou para o seu lugar, perplexo. Pegou um caderninho do bolso e escreveu: "Mistério do Periscópio". Nesse momento, Dona Flávia perguntou: "Quem quer torta?" Ela se levantou para entrar na casa, mas de repente soltou um grito aterrorizante. Todos olharam para ela horrorizados. "Precisamos comprar uma ratoeira urgentemente! Há um rato escondido na parede da varanda". Todos riram e entraram para saborear uma torta recém-assada.

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Receitas descritas no livro para fazer em casa

Torta Cremosa de Chocolate com Morango

Ingredientes para a massa:

1 e 1/2 xícaras de farinha de trigo

1/2 xícara de açúcar

1/2 xícara de manteiga sem sal, em temperatura ambiente

1 ovo


Ingredientes para o recheio:

1 e 1/2 xícaras de chocolate meio amargo picado

1/2 xícara de creme de leite fresco

1/4 xícara de açúcar

2 ovos

6 morangos


Modo de preparo:

Pre-aqueça o forno a 180°C.

Em uma tigela, misture a farinha de trigo e o açúcar. Adicione a manteiga e misture até formar uma massa homogênea. Acrescente o ovo e misture novamente até a massa ficar lisa.

Abra a massa com um rolo e coloque-a em uma forma de torta. Faça furos com um garfo no fundo da massa.

Em outra tigela, misture o chocolate meio amargo picado, o creme de leite fresco e o açúcar. Leve ao banho-maria até que o chocolate derreta.

Bata os ovos em uma tigela separada e adicione-os à mistura de chocolate, mexendo até que fiquem bem incorporados.

Despeje a mistura de chocolate sobre a massa da torta.

Asse a torta por cerca de 30 minutos, ou até que o recheio esteja firme e a massa esteja dourada.

Deixe a torta esfriar antes de servir. Você pode decorá-la com morangos fatiados, chantilly e raspas de chocolate.


Maravilha Gourmet da Márcia

- 1 miojo

- 2 ovos

- Água - quantidade indicada na embalagem

- Tempero

- Cubinhos de bacon fritos com manteiga na frigideira (após fritar, desligar o fogo e colocar 1 colher de manteiga e deixar derreter)

- Requeijão (se desejar algo mais cremoso)

Ferva a água.

- Cozinhe o miojo por 2 minutos, depois acrescente os ovos.

- Mexa e coloque o tempero.

- Abafe e deixe no fogo baixo (o tempo varia, depende se você quer o ovo mais seco ou mais molhadinho).

- Acrescente o Requeijão, mexa bem até ele dissolver.

- Jogue os cubinhos de bacon junto com o caldo da manteiga por cima

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Sherlock Holmes e a Conspiração Quimera

Gosto muito de ler aventuras com Sherlock Holmes, dos contos de Sir. Arthur Conan Doyle. Creio que já li tudo, mas sinto falta de novas hist...